A Força Aérea Brasileira (FAB) e a Polícia Militar de São Paulo iniciam nesta quinta-feira (4) o quarto dia seguido de buscas por um helicóptero que desapareceu na região do litoral paulista no último dia 31 de dezembro, véspera do Ano-Novo.
Um corpo foi encontrado na região na quarta-feira (3) e equipes investigam se tem relação com o caso.
A aeronave, um helicóptero Robinson R44, decolou por volta das 13h do aeroporto Campo de Marte, na zona norte da cidade de São Paulo, e iria para Ilhabela, no Litoral Norte.
O equipamento era pilotado por Cassiano Tete Teodoro, 44 anos. Além dele, estavam na aeronave o empresário Raphael Torres, 41. Ele foi o responsável por contratar o voo e convidar a amiga Luciana Rodzewics, 45, e a filha dela, Letícia Ayumi Rodzewics Sakumoto, 20.
Segundo o Registro Aeronáutico Brasileiro, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a aeronave desaparecida foi fabricada em 2001 e tinha capacidade para transportar três passageiros, além do piloto.
O helicóptero está no nome de Izaura Tete Teodoro, mãe de Cassiano, e, segundo a Anac, não tem permissão para realizar o serviço de taxi aéreo, mas a documentação do Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade está em situação regular, com validade até junho de 2024.
Na tarde de domingo, o piloto chegou a fazer um pouso de emergência em uma área de mata. Durante o período em que o helicóptero esteve em solo, Letícia mandou mensagens ao namorado dela, dizendo que o tempo estava “ruim” e que o piloto não estava conseguindo chegar a Ilhabela. Nas mensagens, ela relatou estar com medo e não precisou o local exato onde estava.
Momentos depois, a aeronave decolou novamente. A situação meteorológica desfavorável continuava. Letícia chegou a enviar um vídeo ao namorado mostrando a neblina ao redor da cabine.
Problemas de visibilidade
Às 14h42, o piloto Cassiano Tete Teodoro entrou em contato com o heliponto no qual iria pousar e relatou que estava com dificuldades para cruzar a serra. Às 14h49, o piloto disse que ainda procurava um ponto com céu limpo para subir com o equipamento e passar da camada de nuvens. Pouco mais de cinco minutos depois, Cassiano diz que tentaria “ir por cima”.
Por volta de 15h13, o operador do heliponto voltou a tentar contato com a aeronave, mas não houve retorno.
O último registro da aeronave nos radares foi por volta de 15h, quando o helicóptero sobrevoava a Serra do Mar na altura da cidade de Caraguatatuba, também no Litoral Norte.
A Força Aérea Brasileira informou que o Segundo Esquadrão do Décimo Grupo de Aviação foi acionado na madrugada de segunda-feira (1º) para iniciar as buscas.
Piloto teve a licença cassada
A Anac diz que o piloto Cassiano Tete Teodoro “não dispõe de confirmação de sua presença como piloto em comando do voo, informamos que o piloto teve sua licença e todas as habilitações sumariamente cassadas pela Agência em 15 de setembro de 2021 por condutas infracionais graves à segurança da aviação civil”. A Anac diz que ele chegou a recorrer, mas a decisão foi mantida.
“Cassiano Tete Teodoro foi cassado em decorrência, entre outros motivos, de evasão de fiscalização, fraudes em planos de voos e práticas envolvendo transporte aéreo clandestino”, acrescenta a Anac.
Ainda de acordo com a agência, “em outubro de 2023, após observar prazo máximo legal para a penalidade administrativa de cassação, que é dois anos, o piloto retornou ao sistema de aviação civil ao obter nova licença com habilitação para Piloto Privado de Helicóptero (PPH)”. “Essa licença não dá autorização para realização de voos comerciais de passageiros”, finaliza a Anac.
A advogada Érica Rodrigues Zandoná, que representa o piloto, diz que “a defesa se resguarda o direito de não comentar até averiguar todos os fatos junto ao seu cliente”.
Família faz vaquinha para ajudar nas buscas
O namorado de Letícia Ayumi, Henrique Thiofilo Stellato, afirmou que a família está arrecadando dinheiro para contratar pessoas que possam auxiliar nas buscas.
Segundo o namorado, que também é cabo da Força Aérea Brasileira, pessoas anônimas teriam informado possíveis locais onde o helicóptero teria caído, entre Caraguatatuba e São Sebastião.
A gerente de vendas Silvia Santos, irmã de Luciana Rodzewics e tia de Letícia Ayumi, o piloto deveria ter esperado a chegada do socorro após o pouso na mata.
“Ele tentou… só que nessas horas a gente não pode tentar. Tem coisas que a gente pode tentar: aqui, no chão, pisando, sabendo. Agora o cara está com uma máquina. Então, ele fez errado. Ele tentou fazer o melhor, eu acho que foi a pressa, eu não sei, mas ele errou. Deveria ter ficado ali parado, esperando socorro. Ele estava no lugar seguro pelas fotos que a minha sobrinha mandou”, disse.
(Publicado por Fábio Munhoz)
Este conteúdo foi originalmente publicado em Helicóptero desaparecido em SP: buscas pela aeronave entram no 4º dia; veja detalhes no site CNN Brasil.
