Jeniffer se comunica com a mãe, Josiane Roldão Cardoso, pela Língua brasileira de sinais; mulher perdeu totalmente audição após meningite quando criança. Família mora em Curitiba. Filha aprende Libras para se comunicar com mãe surda
Uma demonstração de amor por meio da linguagem. Em Curitiba, na casa de Josiane Roldão Cardoso, as conversas na Língua Brasileira de Sinais (Libras) representam muito mais que comunicação: são sinônimo de carinho.
A paranaense de 39 anos perdeu a audição quando ainda criança, aos três, após ter meningite.
Em todo o Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são mais de 10 milhões de brasileiros surdos.
Mãe de dois, dentro de casa os filhos ouvintes aprenderam a se comunicar por meio de Libras com ela e o marido, também surdo. A mais nova, Jeniffer, de apenas seis anos, contou ao g1 sobre o aprendizado.
“Foi muito fácil aprender Libras. Quando eu era bebê, foi bem fácil, porque todo dia eu fui aprendendo, a cada pouquinho. Foi muito legal”, afirmou.
Ela inclusive fez um registro parabenizando as mães pela data celebrada neste domingo (14). Assista no vídeo acima.
Filhos aprendem Libras para poder se comunicar com mãe surda
Arquivo Pessoal/Josiane Roldão Cardoso
Para a mãe, a comunicação com Jeniffer e com o filho mais velho, de 20 anos, é motivo de alegria diante da dificuldade que muitas vezes enfrenta na sociedade.
“Somos pais surdos e, quando eles [os filhos] nasceram, a primeira língua deles já foi Libras. Quando vemos eles fazendo comunicação, nós ficamos felizes em receber carinhoso”, frisou Josiane.
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Dificuldades
Apesar da lei que reconheceu o idioma no Brasil em 2002 prever uma série de garantias de atendimento e incentivo à difusão de Libras, a paranaense aponta que o caminho ainda é bastante difícil.
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Conforme trecho da legislação, instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência à saúde “devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva”.
Contudo, segundo a professora de Libras, mesmo nos serviços públicos ela enfrenta dificuldades para ser atendida e, em algumas situações, até mesmo falta de respeito.
Ela e o marido Jefferson também têm menos contato com parentes por conta da comunicação. No caso de Josiane, uma irmã é intérprete.
“É uma barreira essa comunicação ruim. Porque, por exemplo, eu vou ao banco e não tem ninguém que saiba lá. No hospital, na polícia, qualquer lugar. Meu sonho é que todo mundo aprenda Libras”, contou.
Conforme um estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS), a estimativa é que 900 milhões de pessoas possam desenvolver surdez até 2050.
Aprender Libras
No Paraná, o Centro de Línguas Estrangeiras Modernas (Celem) do governo estadual oferece curso de Libras. É preciso entrar em contato sobre informações para turmas (clique aqui).
Na internet, o Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines) também disponibiliza um dicionário da língua.
Clique aqui para acessar o dicionário
Em Curitiba, a prefeitura oferece um serviço de acompanhamento de intérpretes a pessoas surdas em compromissos socioassistenciais, jurídicos, de saúde, entrevista de emprego e outros. A oferta é tanto presencial quanto pela internet.
É preciso entrar em contato uma semana antes da data de necessidade. Veja aqui como fazer.
* Com colaboração de Gustavo Fernandes, assistente de produtos digitais.
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