Josyane Moreira, de 42 anos, mora em Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas. Victor Hugo foi morto durante passagem de ano de 2020 para 2021, em uma praia no Espírito Santo. Josyane Moreira e o filho Victor Hugo, foto de arquivo
Josyane Moreira/Arquivo pessoal
Semblante sereno e sorriso encantador. Era assim que Victor Hugo Moreira, de 10 anos, aparecia nas fotos ao lado da mãe Josyane Moreira, de 42. Os registros guardados com carinho ajudam a confortar o coração dela, que viu o filho ser morto por uma bala perdida no dia 1º de janeiro de 2021.
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A perda do caçula a fez enxergar a vida com outros olhos, principalmente, o Dia das Mães.
“No Dia das Mães, a mesa sempre falta uma cadeira. Meu coração fica dilacerado de tanta tristeza, mas pelos meus outros dois filhos preciso enxugar minhas lágrimas. Por eles e pela minha mãe”, contou.
A família saiu em viagem de Divinópolis, em dezembro de 2020, para passar o réveillon em Marataízes, no Espírito Santo, quando tudo mudou.
Victor queria conhecer a praia
Ao g1, Josyane contou que o companheiro dela, o padrasto do Victor Hugo, tem um irmão que na época morava em Marataízes. Em 2020, a família chegou a fazer um “bate e volta” no Espírito Santo para visitar esse familiar.
“O Edson [padrasto] fez uma surpresa para ele, falou que a gente iria pra Guapé e não falou que a gente estava indo para a praia. Saímos de viagem e, quando chegou numa certa distância, o Victor avistou o mar, onde ele ficou muito encantado”, lembrou Josyane.
Por ter sido uma viagem rápida eles não tiveram tempo de curtir a praia e Victor ainda mantinha o sonho de conhecer o mar.
Com isso, o menino pediu dois presentes: conhecer a praia e um celular, mas ela disse que os dois não tinha condições e que ele poderia escolher apenas um presente. Assim, ele escolheu conhecer a praia e a família programou passar o réveillon no litoral do Espírito Santo.
Como aconteceu o tiroteio?
A noite do dia 31 de dezembro de 2020 havia começado tranquila, muitas crianças e famílias se divertindo na praia e esperando a chegada do Ano Novo.
“Ele estava brincado com meu sobrinho. Quando começaram os fogos os dois vieram para perto de nós. Compramos batata frita e refrigerante para eles”, relembrou.
Uma confusão mudou todo o cenário. O que era calmaria foi transformado em momentos de desespero.
“Tinhas uns rapazes jogando rojão e acabou acertando areia na gente. Nisso todos da orla chegaram nesses rapazes e pediram para não fazerem isso, pois a orla estava cheio de família, crianças e até uma moça grávida. Mas, um deles estava armado e deu o primeiro tiro”, contou.
Em seguida, Josyane se lembra de ter segurado a mão do filho e do sobrinho e corrido para se proteger. Quando conseguiram se afastar do tumulto, Victor pediu que a mãe o soltasse para que ele pudesse apreciar os fogos. Mas, uma bala perdido o atingiu pelas costas e ele caiu próximo a um banco.
“Eu gritei por socorro e ninguém me ajudava, todos com a mão na cabeça e ninguém fazia nada. Daí eu não vi mais nada! Desmaiei! Quando eu acordei o Victor Hugo não estava mais lá. No hospital eu tentei ver ele, mas não me deixaram e depois vieram me dar a notícia que ele tinha falecido”, relatou.
Josyane Moreira e o filho Victor Hugo
Josyane Moreira/Arquivo pessoal
Conviver com a perda
“Todos os dias sinto falta dele, é um vazio que nada nesse mundo consegue preencher, pois o Victor Hugo estava sempre comigo! Todo dia ao levantar peço a Deus força em orações, pois não é fácil conviver com o luto tão próximo de mim. Só quem já perdeu um filho sabe o tamanho que é a dor!”, finalizou.
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