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O que se sabe sobre idosa que morreu após carregar na barriga bebê calcificado por mais de 5 décadas


Daniela Almeida Vera, de 81 anos, passou por três unidades de saúde antes de descobrirem o “bebê de pedra” em seu abdômen. A vítima era indígena e morava em um assentamento na cidade de Aral Moreira (MS), que fica na fronteira entre Brasil e Paraguai. Tomografia mostra como ‘bebê de pedra’ estava em útero de idosa, em Ponta Porã (MS)
Daniela Almeida Vera, de 81 anos, morreu no dia 15 de março após uma cirurgia realizada para retirar uma massa detectada em seu abdômen, no Hospital Regional de Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul. A idosa passou muito tempo reclamando de dores na barriga, mas só depois que passou por uma tomografia 3D descobriu que carregava um “bebê de pedra” há 56 anos, desde a última gestação. Veja o vídeo acima.
A condição, chamada de litopedia, é considerada raríssima por especialistas. Daniela era indígena e morava em um assentamento no município de Aral Moreira (MS).
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Veja o que se sabe sobre o caso até o momento:
Como foi o caso?
Qual a ordem cronológica dos atendimentos médicos?
Qual foi o motivo da morte?
O que é litopedia?
Por que a idosa não procurou atendimento antes?
Como foi o caso?
Em 14 de março, a paciente deu entrada no Hospital Regional de Ponta Porã com um quadro de infecção grave. Ela já tratava uma infecção urinária em Aral Moreira, cidade que fica na fronteira entre Brasil e Paraguai, mas com a piora no quadro clínico, Daniela teve que ser transferida e a equipe médica chegou a suspeitar de um câncer.
No mesmo dia, uma tomografia 3D constatou o feto calcificado na região do abdômen dela.
Daniela Almeida Vera, de 81 anos.
Arquivo pessoal
Ao descobrir a existência do feto no corpo da idosa, a equipe de obstetrícia da instituição foi acionada e realizou a cirurgia para retirá-lo. Após o procedimento, a paciente foi encaminhada para uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), mas morreu no dia seguinte.
Qual a ordem cronológica dos atendimentos médicos?
10 de março: após procurar atendimento médico na unidade de saúde primária de Aral Moreira com infecção urinária, Daniele foi convencida pela equipe a procurar atendimento mais especializado no hospital da cidade. No local, ela falou da “massa abdominal”, fizeram exames, mas a equipe não conseguiu identificar o que era;
11 de março: foi solicitado uma vaga no hospital de referência de Ponta Porã (Hospital Regional). A vaga foi aprovada e a idosa encaminhada. Por lá, os exames feitos em um aparelho de tomografia 3D identificaram o feto calcificado;
14 de março: a idosa fez a cirurgia para a retirada do “bebê de pedra”;
15 de março: a idosa morreu na UTI.
Qual foi o motivo da morte?
O motivo da morte foi um quadro grave de infecção generalizada, que ocorreu a partir de uma infecção urinária, segundo o secretário de Saúde de Ponta Porã, Patrick Dezir.
Idosa deixou 7 filhos e 40 netos.
Arquivo pessoal
O que é litopedia?
O secretário Patrick Derzi, explicou que o nome da condição que a idosa teve é litopedia. Derzi, que também é médico, comentou que o quadro clínico de Daniela é considerado um tipo raro de gravidez, que só ocorre quando o feto de uma gravidez abdominal não reconhecida morre e se calcifica dentro do corpo da mãe.
A condição é consequência de uma gravidez ectópica (gestação em que o óvulo fertilizado é implantado fora do útero) que evolui para morte fetal e calcificação.
“Quando ocorre a gravidez, ela deve estar dentro do útero, mas em alguma situações a gravidez pode ocorrer fora. Aquele bebê não deu clínica, a paciente não teve uma dor aguda e não teve um grande sangramento e esse diagnóstico passa desapercebido e o tempo vai se encarregar daquele corpo estranho que ficou dentro do abdômen da mulher”, explicou o ginecologista João Bosco Borges.
Na litopedia, o sistema imunológico da mãe eventualmente reconhece o feto como um corpo estranho e o cobre com uma substância calcificada para protegê-lo de infecções.
Idosa morreu após descobrir bebê calcificado em abdômen.
Reprodução
Esse “bebê de pedra” pode não ser detectado por décadas e pode causar complicações futuras. Por isso, um diagnóstico adequado é essencial para prevenir esse tipo de complicação.
O ginecologista João Borges disse que esse tipo de complicação é mais frequente em países de terceiro mundo, sinalizando falta de diagnóstico na fase aguda.
“Isso mostra que em algum momento essa mulher teve um quadro doloroso, mas faltou o diagnóstico de que ela tinha uma gravidez abdominal ou ectópica que se rompeu e aquele bebê caiu no abdômen”, completou o ginecologista, que também é mastologista pela Sociedade Brasileira de Mastologia.
Segundo os Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, a maioria das pacientes é assintomática e o diagnóstico geralmente é feito incidentalmente em exames de imagem.
Dor abdominal, constipação crônica, obstrução intestinal, formação de fístula e abscesso pélvico estão entre os efeitos colaterais que podem ocorrer.
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Por que a idosa não procurou atendimento antes?
Segundo uma das filhas da vítima, Rosely Almeida, de 21 anos, a idosa, que era indígena, preferia tratamentos alternativos e tinha medo de ir ao médico.
Foi só com a piora na infecção urinária que Daniela procurou uma unidade de saúde da família, onde foi convencida a ir até um hospital.
“Ela era antiga e somos indígenas, ela não gostava de ir ao médico, tinha medo dos aparelhos para fazer exame”, afirmou a filha mais nova de Daniela.
A secretária de Saúde de Aral Moreira, Adriana Veron, explicou que agora será realizada uma análise clínica do feto calcificado. A partir do estudo, será possível responder mais detalhes sobre bebê, como o tempo que ele ficou na barriga de Daniela.
Agora, a família vive o luto pela matriarca que deixou sete filhos e 40 netos.
“A gente tá em choque, é muita tristeza. Ela era nossa mãe, a única que protegia a gente e agora ela se foi, ficamos meio perdidas”, lamentou a filha.
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