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Mulher recebe rim de porco modificado e bomba cardíaca em cirurgia nos EUA

A primeira cirurgia de transplante para combinar uma bomba cardíaca mecânica — que auxilia a bombear sangue pelo corpo —  e um rim de porco editado geneticamente foi concluída na Langone Health, da Universidade de Nova York, informou o sistema de saúde nesta quarta-feira (24).

Lisa Pisano, de 54 anos, natural de Nova Jersey, nos EUA, tinha insuficiência cardíaca e doença renal em estágio terminal que exigia diálise de rotina, segundo informou a Langone Health em comunicado.

Entretanto, ela não pôde fazer um transplante padrão de coração ou rim devido a outras condições médicas crônicas que “reduziram significativamente a probabilidade de um bom resultado” e devido à falta geral de doadores de órgãos nos EUA.

“Quando essa oportunidade surgiu pela primeira vez, pensei: ‘Tenho que tentar’”, lembrou Pisano durante entrevista coletiva nesta quarta, em seu leito na unidade de terapia intensiva.

Pisano recebeu a bomba cardíaca em 4 de abril e então, em 12 de abril, participou do transplante de um rim de porco editado geneticamente junto com a glândula timo do porco.

“Tentei de tudo e esgotei todos os outros recursos. Então, quando surgiu essa oportunidade, eu disse: ‘Vou aproveitar isso’”, relatou, na esperança de “passar um tempo com meus netos e brincar com eles”.

Esse caso é o primeiro transplante de órgão relatado em uma pessoa com bomba cardíaca mecânica, segundo a Langone Health, e o segundo transplante conhecido de um rim de porco editado geneticamente para um receptor vivo — neste caso, é o primeiro transplantado junto com o timo.

O primeiro receptor vivo de um rim de porco geneticamente modificado, Rick Slayman, de 62 anos, recebeu o órgão no Hospital Geral de Massachusetts em março e pôde voltar para casa este mês.

A cirurgia de Slayman foi comandada por um médico brasileiro, que falou à CNN sobre o procedimento e o que ele significa para o avanço da medicina.

Corações de porco também foram transplantados em outras ocasiões para duas pessoas vivas que morreram semanas após receberem os órgãos.

Escassez de doadores de órgãos

A necessidade de órgãos supera em muito o número disponível nos EUA. Todos os dias, 17 pessoas morrem à espera de um órgão no país, e os rins são escassos.

De acordo com a Rede de Aquisição e Transplante de Órgãos, cerca de 27 mil rins foram transplantados em 2023, mas quase 89 mil pessoas estavam na lista de espera por esses órgãos.

Especialistas afirmam que os xenotransplantes – transplantes de órgãos de animais para pessoas – são cruciais para resolver esse problema.

A edição genética faz edições precisas no DNA do porco para ajudar a evitar que o corpo humano rejeite o órgão do animal.

Além da doença renal, Pisano tem insuficiência cardíaca congestiva e colocou stents no coração, assim como vários cateterismos, de acordo com ela em um vídeo fornecido pela NYU Langone.

Em 2020, ela descobriu que tinha câncer de cólon e teve “uma grande parte” de seu cólon removida, pontuou seu marido, Todd.

Pisano “estava ficando cada vez mais doente e, na verdade, sua expectativa de vida podia ser medida em dias ou semanas”, destacou o doutor Robert Montgomery, diretor do Instituto de Transplante da Langone, que liderou a cirurgia.

“Ela tinha insuficiência cardíaca e renal, mas não era candidata a um transplante combinado de coração e rim por causa de seus outros problemas de saúde”, explicou Montgomery.

Os médicos receberam permissão da Food and Drug Administration dos EUA, a agência reguladora nacional, para realizar os novos procedimentos ao abrigo das suas políticas de acesso expandido ou “uso compassivo”, que dão acesso a produtos médicos experimentais fora dos ensaios clínicos aos pacientes terminais sem outras opções.

O rim veio de um porco geneticamente modificado para interromper um gene responsável pela produção de um açúcar encontrado na superfície das células animais chamado alfa-gal, que pode ser reconhecido por anticorpos humanos e atacado.

A glândula timo do porco, que desempenha um papel na imunidade, foi colocada sob a cobertura do rim na tentativa de ajudar o sistema imunológico de Pisano a reconhecer o órgão.

Montgomery observou que as edições genéticas usadas no porco, neste caso, são muito mais simples do que aquelas usadas em outros xenotransplantes em humanos vivos.

“Teremos a oportunidade de realmente resolver o problema que estamos tentando, que é a escassez de órgãos, e quanto mais complexas as edições genéticas, menor a probabilidade de você conseguir reproduzir essas edições em um rebanho”, destacou.

“Você teria que clonar todo o porco para cada órgão. Isso não é algo que possa ser facilmente dimensionado. Portanto, sentimos que menos é mais neste caso”, adiconou.

Pisano tem “um longo caminho a percorrer”, ponderou o médico, mas “seu rim está funcionando perfeitamente. O coração dela está em forma muito melhor “.

Agora, os especialistas estão atentos a questões como rejeição e infecção. Eles preveem pelo menos mais um mês de reabilitação antes que ela receba alta.

Antes dos procedimentos, ela tinha problemas significativos apenas para caminhar, relatou Pisano. “Eu não conseguia me levantar e respirar. Eu não pude fazer nada”, comentou.

Agora, ela diz: “Sinto-me melhor do que nunca”, estando otimista quanto ao resultado.

“Na pior das hipóteses, se não funcionar, pode funcionar para a próxima pessoa. Pelo menos alguém vai se beneficiar com isso”, concluiu.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Mulher recebe rim de porco modificado e bomba cardíaca em cirurgia nos EUA no site CNN Brasil.

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