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Matheus Ribeiro: “Temos hoje 29 secretarias na Prefeitura de Goiânia. Não precisamos de mais que 12”

Aos 30 anos de idade, o jornalista e pré-candidato à Prefeitura de Goiânia, Matheus Ribeiro, do PSDB, rechaça o estereótipo de que não seria apto a governar a capital por conta da idade. “Nossa geração precisa estar disposta a ocupar os espaços de poder e mostrar que é possível fazer diferente”, diz. Nesta entrevista, o tucano critica a atual estrutura do Paço Municipal e adianta que, se eleito, deve cortar pelo menos pela metade a quantidade de secretarias que, segundo ele, o cidadão não sente seus os efeitos do trabalho. Ribeiro, que disputou a última eleição para deputado federal, mas não conseguiu se eleger, ainda falou sobre o papel de seu partido no pleito deste ano, e destacou que, se preciso for, irá com chapa pura para o processo eleitoral. Matheus Ribeiro ainda defende que terá uma gestão independente e técnica se for eleito, e que o papel do ex-governador Marconi Perillo, atual presidente nacional do PSDB, será somente o de um “apoiador”.

Ton Paulo – Você é pré-candidato pelo PSDB. Pode falar um pouco sobre sua trajetória, no jornalismo e na política, e como o partido chegou ao seu nome para concorrer à Prefeitura de Goiânia?

Eu sempre tive interesse por política e eu acho que o que me faz ter esse gosto, ter essa vontade, é o mesmo motivo que me levou à comunicação, que me levou ao jornalismo. Me interesso pelo mundo à minha volta, eu me interesso pelos problemas que a gente vive enquanto sociedade, me interesso por aquilo que está ao meu redor. Foi isso que me levou ao jornalismo e me fez construir uma carreira de 10 anos naquele espaço que eu sempre me identifiquei mais, que eu me sentia mais à vontade, que era na televisão, que é um jornalismo que tem um vínculo muito forte com as pessoas. Era meu sonho.

Apesar de nascido em Goiânia, eu fui criado em Piracanjuba e, lá, quando eu falava que queria trabalhar na televisão, o povo achava graça, que era um sonho. Mas eu persegui isso e conquistei. Esse espaço foi durante 10 anos, que foi algo muito gratificante. E foi justamente no jornalismo que eu pude ampliar o meu conhecimento da sociedade, que eu pude ampliar a minha percepção do mundo à minha volta. Depois de seis anos apresentando o jornal de maior audiência de Goiás, que foi o Jornal Anhanguera, depois de ter uma experiência muito gratificante aqui na filiada da Globo, que foi um lugar onde eu pude entender o jornalismo na sua essência, depois que eu pedi demissão da TV Anhanguera, que eu decidi encerrar esse ciclo profissional, eu estive dois anos em Brasília, na Record em Brasília, como apresentador e editor-chefe.

E Brasília me conectou ainda mais com a política, porque eu pude observar todas as nuances que fazem parte do Congresso Nacional, como a gente tem uma política muitas vezes desconectada do que a gente observa nas ruas.

Ton Paulo – Como foi a entrada na política?

É muito marcante você estar em Brasília, no Plano Piloto, na ‘Ilha da Fantasia’, que eu brinco, e daqui a pouco estar no Sol Nascente, ou estar no Jardim Ingá, em Luziânia, e se deparar com realidades sociais tão diferentes. Você percebe um contraste que é muito preocupante. Isso nos traz a certeza de que o principal problema que a gente vive hoje na sociedade é, de fato, a desigualdade social.

Então, depois dessa experiência em Brasília, decidi dar uma pausa na minha carreira jornalística. Empreendo há 10 anos, eu tenho uma agência de comunicação, já tiro o meu sustento pelo meu trabalho em outro lugar, tenho minha empresa aqui em Goiânia, em Brasília, e falei ‘agora eu quero me dedicar à política’.

Me estranha quando tentam fazer essa conexão automática de que Goiânia precisa de um gestor, e aí a solução que tiram da cartola é um milionário que às vezes diz que não tem nem vontade ou disposição”, diz Matheus Ribeiro | Foto: Leoiran / Jornal Opção

Foi nesse movimento que eu voltei a morar em Goiânia, em 2021, já planejando essa candidatura a deputado federal inicialmente. Mas fui buscar conhecimento, passei pelo Renova, que é a maior escola de formação política que a gente tem hoje no Brasil. Pude ter um contato com a técnica, aprender a construir uma campanha, aprender os preceitos básicos para ter uma articulação política, mas muito focado em construir uma trajetória.

Eu nunca quis ter um voo de galinha, eu nunca quis ser candidato para arrumar um emprego, ou para arrumar um carguinho, ou para ter uma boquinha na administração, que é o que a gente vê muita gente fazendo, buscando a política com interesses pessoais.

Eu busco construir uma trajetória política que esteja conectada com os meus ideais e com aquilo que eu defendo para a sociedade, que acredito ser o que muitas outras pessoas também esperam do mundo em que a gente vive.

E aí eu me deparei com uma coisa que foi muito importante, que foi a derrota. Eu pensava inicialmente assim ‘e se eu perder’? Se eu perder, vou seguir minha carreira, vou seguir meu trabalho. Mas eu tinha aquela expectativa da vitória. E quando, mesmo bem votado, eu tive 47 mil votos, fui votado em 244 cidades goianas, faltaram só duas, fiquei como primeiro suplente, mas não fui eleito. Pude viver um outro lado da política, e isso me trouxe um entendimento ainda maior e me preparou para esse momento, porque reforcei ainda mais a minha base de entender que política é um projeto coletivo.

Então agora, nessa pré-candidatura a prefeito, que está algo intimamente ligado à minha escolha pelo PSDB lá atrás, quando recebi o convite do nosso presidente Marconi Perillo para me filiar ao PSDB, eu já vislumbrava a construção de uma carreira política e não apenas uma candidatura em 2022. Eu já vislumbrava dar os próximos passos.

E aí isso deu start logo após o pleito de 2022, as conversas para 2024, vocês sabem muito bem que eleição termina uma e começa outra, e já começou um movimento interno para construir um projeto de renovação para o PSDB.

O PSDB é um partido que já ocupou o governo muitas vezes, que já passou muitas vezes pela administração pública, mas que viveu momentos de derrota e que isso exigiu do partido uma reconstrução, uma oxigenação.

Eu venho justamente nesse movimento de abertura do PSDB para novas ideias, para a construção de novos espaços políticos onde a gente esteja mais próximo e mais alinhado com o sentimento das ruas e não somente com gabinete dos poderosos e não somente com os sobrenomes das oligarquias que dominam a política de Goiás há tanto tempo.

Italo Wolff – E nesse período, o que você fez com seu capital político de quase 50 mil votos? Você continuou se colocando publicamente, ou você voltou os olhos para sua atuação na iniciativa privado?

Eu acho que capital político a gente tem que enxergar muito bem como é que ele deve ser trabalhado. Porque tem gente que barganha voto com cargo, tem gente que barganha voto com cabide de emprego, tem gente que usa essa “musculatura política” novamente para projetos pessoais de poder. Eu perdi uma eleição e eu fui para casa e fui cuidar da minha vida, que é o que todo cidadão que disputa uma eleição está disposto a colocar seu nome no pleito deveria fazer.

Eu não mudei de ideia pela conveniência da situação, que foi o que a gente viu acontecer. Quem era oposição em 2022, agora já é situação, porque foi uma metamorfose ao longo do tempo, em busca de um abrigo político, de uma boquinha, de uma beirada. Não, eu fui trabalhar, fui cuidar da minha vida, fui pro meu crossfit, participei de campeonato de crossfit, foi uma experiência maravilhosa. Fui conduzir a minha vida particular como cidadão, mas sem deixar de manifestar minhas opiniões, sem deixar de manifestar a minha preocupação com os rumos da sociedade, com os rumos da política.

Eu converso com muitas pessoas e nós temos a felicidade de hoje poder dialogar não apenas pelos veículos de comunicação, mas pelas nossas próprias redes. Nesse meio tempo, eu abri um canal de conteúdo, a TV digital LigTV, lançada em agosto de 2023. É projeto novo, que me traz muita alegria, porque me permite experimentar. Hoje a gente produz quase 10 podcasts.

“[Comurg] virou um antro de corrupção. Todo mundo sabe. É a percepção que o Goianiense tem há várias décadas, inclusive”, diz Matheus Ribeiro | Foto: Leoiran / Jornal Opção

Quem depende de cargo, quem depende de abrigar uma turma, quem depende de sustentar várias bocas na política, puxar saco, não sustenta a militância. Então, eu não quis optar por esse caminho porque eu acredito que se a minha mensagem é de renovação, se a minha mensagem é de transformação, isso tem que ser demonstrado pelos meus gestos, pelos meus atos.

Ton Paulo – Ao que você atribui a sua derrota na última eleição para deputado? E o que mudou, o que você trabalhou de lá para cá?

Eu fiz a melhor campanha que eu podia, fui propositivo, fui correto, fui honesto, tive as minhas contas aprovadas. Nem um arrependimento, não acho que houve erro. As pessoas que votaram em mim acreditaram profundamente na mensagem de renovação que a nossa campanha trouxe. E prova disso, Foi o caminho que a gente decidiu percorrer.

Esse é um pensamento que eu desconstruí, porque às vezes as pessoas pensam ‘fiz isso de errado’. Não, não fiz nada de errado, nunca tinha sido candidato, foi uma primeira experiência, quis fazer isso de forma muito genuína, eu tinha uma preocupação muito grande que era não destruir a minha reputação enquanto jornalista, enquanto cidadão, e esses valores eu preservei, fiz uma campanha propositiva, correta, fui às ruas com muita coragem, subindo em caminhão, conversando com as pessoas, lidando, às vezes, com um comportamento de rejeição, que é natural muitas pessoas terem, porque a política, às vezes, nos traz descrença.

As candidaturas que têm essa pegada de renovação precisam, muitas vezes, desconstruir esse sentimento de rejeição que as pessoas têm em relação à política. A gente precisa mostrar a esperança, de que é possível fazer diferente. Acho que não houve erro. E o perder ou o ganhar, isso é algo que me traz muita tranquilidade hoje nessa disputa, que é uma disputa muito grande. Estou [concorrendo] num tanque de tubarões, estou com políticos experientes, com empresários milionários, com gente abençoada por turmas muito poderosas. O que me traz tranquilidade é saber que eu posso ser autêntico, posso lidar com armas que talvez os meus concorrentes não tenham. E uma delas é: eu não tenho a obrigação de ganhar.

Tenho a obrigação de estar profundamente convicto daquilo que eu falo, daquilo que eu defendo e do meu desejo de ser o prefeito mais jovem dessa capital para a gente revolucionar Goiânia, para a gente transformar a cidade. Isso não significa uma obrigação de ganhar, por isso a gente não precisa ir para o vale tudo, não precisa pagar qualquer preço, não precisa fazer qualquer acordo e nem negociar uma vice num balcão de negócios. Por isso que a gente não precisa repetir as fórmulas do passado, porque só há uma forma da gente transformar a política: percorrendo um caminho diferente daqueles que todos os outros estão fazendo.

Ton Paulo – Sobre a questão da vice, você tem conversado com alguém?

Eu acho que o eleitor está muito atento aos movimentos que são feitos para a escolha desse vice. Goiânia vive hoje uma gestão que é fruto de uma escolha mal tomada. O Maguito Vilela, inseguro por não ter o apoio do Iris Rezende na eleição de 2020, busca o Republicanos. O Rogério já tinha uma história como parlamentar e eu o conheço pessoalmente, não quero aqui fazer nenhum tipo de ataque pessoal, mas foi um vice que, ao assumir o cargo, não estava preparado para essa função, e na minha percepção ele não assumiu as rédeas da Prefeitura de fato.

Isso trouxe uma gestão que foi completamente loteada e que colocou a Prefeitura, não a serviço do cidadão, não a serviço das pessoas, mas a serviço dos políticos. O governo de Goiânia se tornou refém de grupos políticos, em busca de uma dita governabilidade, em busca de uma dita eficiência que nunca houve. Porque toda a estrutura administrativa passou a servir para grupos pessoais, para feudos de poder.

“Não quero ninguém me moldando. A figura do marqueteiro não existe na minha campanha”, diz Matheus Ribeiro | Foto: Leoiran / Jornal Opção

Cadê o plano de governo do Maguito? Cadê o plano de governo que o cidadão votou, aprovou nas urnas? Esse plano foi executado? Ninguém se questiona sobre isso. Ninguém se questiona se aquelas ideias que venceram as eleições foram implementadas na cidade. Não, não foram. Então, escolher um vice que esteja, primeiro, alinhado a um plano de governo, alinhado às ideias que nós defendemos, alinhado à construção de um novo modelo administrativo para a Prefeitura de Goiânia, é fundamental.

E de que forma que a gente tem feito essa conversa? Entendendo que a escolha do vice precisa aguardar até a convenção do partido, que é no mês de julho, mas que essa construção precisa começar agora. Antes de fechar o prazo das filiações, fiz convites a pessoas que são pessoas de relevância da sociedade para se filiarem ao PSDB, para somarem forças com o nosso projeto, com o nosso partido. Eu as convidei para estarem junto a mim na construção de um plano de governo, na caminhada da pré-campanha e entendo também que nós precisamos dialogar com outras siglas, dialogar com outros partidos em busca de uma composição.

Agora aqui cabe um parêntese: a composição com outro partido, com outras siglas, com um grupo de partidos, precisa necessariamente ser uma composição pragmática. Precisa ser uma composição em torno de ideias, não pode ser uma composição apenas em troca de tempo de TV. Por isso o PSDB está preparado para ter uma chapa pura caso este seja o caminho.

Caso a gente não encontre viabilidade no diálogo com outros partidos, caso a gente não consiga construir uma composição maior, nós temos totais condições de termos uma chapa pura que represente o projeto de renovação do PSDB. E a gente possui quadros qualificados para essa disputa, que muito me honram com a presença nessa chapa.

Posso citar dois, inclusive, o presidente do Conselho Estadual de Educação, o professor Flávio Roberto Castro, que é um homem que tem uma trajetória muito ligada à educação. Tenho uma profunda admiração pelo professor Flávio até por questões pessoais. Quando cheguei à Goiânia, o Flávio foi meu professor. Vendo ali aquele ambiente, com muitos alunos que vieram do interior e chegaram na capital, morando sozinhos, desafiados, pressionados pela disputa do vestibular, o Flávio sempre foi uma referência para todos nós pela postura dele enquanto educador.

Mas fora isso. É uma pessoa que tem uma história ligada ao segmento da educação, que tem uma visão de educação muito eficiente, que consegue botar equipes para trabalhar, que consegue entregar resultados e dá mostras muito claras disso à frente do Conselho Estadual de Educação. Fiz o convite para que ele se filiasse ao partido, somasse forças com o nosso grupo e esse convite, felizmente, foi aceito.

Além do professor Flávio, também posso citar com muita alegria, com muita satisfação, o nome da professora Bartira Miranda, ela que foi diretora da Faculdade de Direito da UFG. É uma das maiores criminalistas do país, conselheira da OAB, tem uma produção acadêmica relevante, entende muito de segurança pública, que é um assunto vital para a nossa cidade. Também a convidei para que se somasse ao nosso projeto, para que pudesse colaborar com essa nossa iniciativa de mostrar que Goiânia tem nomes qualificados.

Não precisa ser mulher ou marido de ninguém, não precisa ser da religião X ou Y, precisa ser gente competente, precisa ser gente disposta a trabalhar num mandato que consiga limpar Goiânia, que consiga construir novas bases para a administração municipal.

Ton Paulo – E com quais partidos do PSDB tem dialogado? Vocês têm buscado vereadoras que possam segurar essa bandeira na campanha?

Ton, até pelo momento que estamos vivendo, a gente acabou de sair do encerramento da janela partidária, do período de filiações, o PSDB estruturou uma chapa que tinha como principal foco a renovação política. Justamente por isso, na composição estratégica da nossa chapa, não optamos por esse caminho, que foi de outros partidos, de trazer tudo que é vereador, gente que defende A, outro que defende Z, que quando você observa a chapa, não tem nenhuma coerência ideológica.

Tivemos por princípio construir uma chapa em que não houvesse mandatários, além daquela cadeira que já é do partido, que é a cadeira da vereadora Aava Santiago. A vereadora, que é também a nossa presidente municipal, liderou esse trabalho de composição da chapa. Tive muita alegria de colaborar com isso também, fomentando candidaturas novas.

Então acabamos de sair de um período focado na nossa federação, que inclui também o Cidadania. Óbvio que agora a gente dá start a outras conversas com partidos, que também são partidos de centro, são partidos que não possuem pré-candidaturas definidas à Prefeitura de Goiânia e que estão dispostos a dialogar com o PSDB. Peço, inclusive, licença por não abrir quais partidos, porque essas negociações também, quando expostas, muitas vezes, trazem aí dissabores, trazem desconfortos. É um diálogo partidário que se faz de forma muito respeitosa e buscando um alinhamento de ideias para que a gente consiga construir essa gestão.

Em Goiânia, se diz que o eleitorado busca um candidato que tenha um perfil específico, que tenha que ser um gestor com experiência, talvez um empreendedor, mas que tenha experiência em gestão.

Italo Wolff – Como você pretende responder durante a campanha as alegações que vão vir de que o senhor não tem experiência?

Primeiro que eu adoro essa afirmação, que eu me pergunto ‘quem disse?’, ‘de onde veio isso?’. E segundo, quem acha que gestor é empresário? Com todo respeito, eu também sou empreendedor, também tenho meu negócio, mas o empresário, muitas vezes o grande empresário, o milionário, o bilionário, ele pensa em lucro. Gestor é a dona de casa, que sustenta quatro meninos com salário mínimo, é o motorista de aplicativo, é o entregador de iFood, gestor é quem sabe se virar mesmo com a Prefeitura que, em vez de ajudar, só atrapalha a vida do cidadão.

Goiânia precisa de ser administrada por alguém que tem a percepção de que o governo precisa estar a serviço das pessoas, e não a serviço do seu próprio grupo. Por isso que me estranha muito quando tentam fazer essa conexão automática de que Goiânia precisa de um gestor, e aí a solução que tiram da cartola é um milionário que às vezes diz que não tem nem vontade ou disposição mais para estar na política ou que diz “ah não, isso para mim é um sacrifício”.

Matheus Ribeiro em entrevista aos jornalistas Italo Wolff e Ton Paulo | Foto: Leoiran / Jornal Opção

Não. Para assumir essa ‘bucha’ que está a Prefeitura de Goiânia precisa ter muita vontade, precisa ter muita disposição, precisa suar a camisa para construir um trabalho diferente desse que está aí. Então, ser gestor não é ser milionário, não é ter um sobrenome que te chancela na política, nem ser apadrinhado por ninguém. Ser gestor é ter capacidade de diálogo para reunir os melhores dessa cidade, para reunir as pessoas mais competentes da administração pública e formar um governo que consiga reconstruir Goiânia, um governo que consiga apresentar para a cidade um novo modelo de gestão.

Nós temos hoje 29 secretarias ou estruturas com status de secretaria na Prefeitura de Goiânia. A gente não precisa mais que 10, 12. Eu já me debrucei nesse estudo. A gente precisa colocar o serviço público a serviço das pessoas.

Em nosso estado e que eu me coloco à disposição para remar contra essa maré. Vivemos numa cidade que é uma metrópole, uma cidade que é cosmopolita, uma cidade que precisa ir além dessas questões que são menores. Então, eu enfrento a crítica de que eu não tenho experiência, primeiro com muita humildade, porque é verdade. Eu nunca tive experiência em cargo público, mas eu tenho experiência em 10 anos no jornalismo e eu mostro o meu comprometimento com aquilo que eu faço. Eu tenho um vínculo de credibilidade com as pessoas, um vínculo de confiança. Não escondo quem eu sou. Tenho 30 anos, eu sou um homem sério, um homem que fala das questões com cabeça erguida, porque eu tenho independência moral para isso, e que está disposto a dedicar o seu tempo na construção de um governo diferente para a nossa cidade.

É preciso coragem para sentar na cadeira, mas é preciso ter sobriedade e humildade para formar um bom time. Agradeço a Deus pela inteligência que eu tenho, pela disposição que eu tenho para uma missão como essa. Isso me permite trazer pessoas para o meu lado, trazer pessoas para que nós consigamos formar um time que consiga efetivamente gerir a cidade de Goiânia. E ser o prefeito mais jovem da nossa história, ser um prefeito com 30 anos de idade, é algo que vai me orgulhar muito, é algo que vai me motivar todos os dias.

Ton Paulo – Você disse que chegou a fazer um estudo de pastas da Prefeitura que hoje poderiam ser extintas. Quais são essas pastas que você poderia cortar?

Aqui em Goiânia, nós temos algumas nomenclaturas impressionantes. Eu queria sair na rua e perguntar, lá na esquina da avenida Goiás, Anhanguera, quais as atribuições do Escritório de Prioridades Estratégicas. Nós temos uma Secretaria de Governo, mas nós temos uma Secretaria de Relações Institucionais. Que relações são essas? Qual que é a entrega que essa pasta tem para a população?

Sabe qual a secretaria que a gente não tem em Goiânia? A do Trabalho, e da inclusão. Qual pasta que está cuidando da pessoa com deficiência? Foi criando-se penduricalhos para o mundo político para abrigar amigos, aliados, para obter apoios e não pensou-se na entrega para as pessoas.

Nenhuma das 29 pastas em Goiânia tem atenção exclusiva a pessoas com deficiência. Nós vivemos numa cidade sem acessibilidade, então a gente poder condensar esse trabalho em estruturas administrativas mais eficientes e identificar os melhores servidores efetivos da Prefeitura de Goiânia e formar uma nova estrutura de gestão. É o primeiro passo que eu vou tomar enquanto prefeito.

Ton Paulo – Você acha que a Comurg entra nisso?

Primeiro a gente precisa identificar a natureza jurídica da Comurg. Ela não é secretaria, é uma empresa pública municipal, e a cidade tem a maior parte das suas ações, 89%. Agora, a Comurg é um caso específico e talvez o mais grave, porque é uma empresa com 7.800 funcionários e que não consegue entregar resultado na limpeza pública, na zeladoria. Ou seja, não é por falta de mão de obra, não é por falta de caminhão, não é por falta de estrutura. É porque lá virou um antro de corrupção. Todo mundo sabe. É a percepção que o Goianiense tem há várias décadas, inclusive.

A Comurg que se tornou um grande cabide de emprego, um lugar de se torrar dinheiro público. E a consequência disso é o que a gente está vendo hoje: quase meio bilhão de reais sendo gasto num contrato absurdo e que agora virou marketing, que virou meramente cena para Instagram. Um monte de caminhão passeando na cidade para tentar enganar as pessoas.

Na véspera da eleição, um contrato milionário, cheio de suspeitas, comandado por um consórcio que já apresenta problemas em outros municípios. É o mesmo pessoal de Anápolis, vamos ver como é que está lá, e que agora vem aqui passar um batom, vem aqui fazer uma maquiagem.

A situação da Comurg é gravíssima. A nossa proposta para a Comurg é uma auditoria e conseguir colocar a empresa prestando serviços para a cidade de forma austera, transparente e sem oneração, sem desperdício de dinheiro. É possível fazer, e isso a gente vai conseguir por meio de uma gestão independente na Comurg. Muitas pessoas não tiveram coragem de fazer isso porque se viram seduzidas pelo que acontece ali dentro.

Nós temos condições de colocar a Comurg em mãos independentes e dar uma nova cara para essa empresa, que deve prestar serviço para o goianiense e não para a classe política.

Italo Wolff – Mas na prática isso se daria por meio de uma reformulação da empresa?

A gente precisa saber qual é a situação dela. A CEI [Comissão Especial de Inquérito] não conseguiu responder. Ela foi engavetada. O que virou daquela CEI? Nada. Foi engavetada a partir de troca-troca político. Dá uma secretaria pra um, chama a mulher do outro, faz uma negociata aqui. Acabaram com a comissão. Qual é a realidade da Comurg? É isso que a gente precisa saber. Eu fazer uma promessa baseada em nada, seria mentira da minha parte. Preciso saber qual é a real situação da Comurg, e ninguém sabe. Nem o próprio prefeito. Não se abre a caixa preta da Comurg, e é isso que a gente vai fazer, uma auditoria independente. A partir disso, precisa se dar uma destinação para essa empresa.

O que é que nós vamos fazer os funcionários da Comurg? Os garis que o caminhão substituiu, eles vão fazer o que lá na comunidade? Vão ficar de braços cruzados? Ou daqui a pouco vai demitir os garis? Que ganham muito pouco, que tem um trabalho precarizado, que não têm acesso a equipamento de proteção, que tomam chuva em cima desses caminhões pra tentar coletar o lixo da nossa cidade, mas muitas vezes não conseguem por problemas que vão além da vontade do funcionário.

“Não sou tutelado, não sou apadrinhado, muito pelo contrário. Tenho a alegria de ter o apoio do governador Marconi Perillo, que sobretudo reconhece a minha independência”, diz Matheus Ribeiro | Foto: Leoiran / Jornal Opção

Então não é bonito falar que um caminhão está substituindo 40 garis. Isso deveria ser uma vergonha. A Prefeitura voltou novamente para as mãos de marqueteiro. A Prefeitura não tem prefeito, tem marqueteiro.

Ton Paulo – O PSDB integra a federação com o Cidadania. Anteriormente, houve um fato que, inclusive, motivou o Gilvane Felipe a renunciar à presidência do Cidadania. Na época ele alegou que a federação estava muito isolada. Você concorda com essa colocação? E se sim, foi trabalhado para quebrar esse tabu, esse isolamento que ele levantou?

Na primeira pesquisa em que meu nome aparece como pré-candidato a prefeito, eu tenho 7% das intenções de voto. Estou à frente do prefeito Rogério Cruz e do candidato do governo, Sandro Mabel. O ex-presidente do Cidadania, Gilvane Felipe, queria somente um argumento para que ele pudesse tomar decisões de interesse pessoal. Sobre essa pessoa, não tem nada a comentar.

Ton Paulo – Que no caso seria um possível apoio à candidatura do PT?

Não é ele que está sendo cotado para ir para o Iphan? Qual é a relação dele com esse apoio antecipado para a Adriana [Accorsi]?

Italo Wolff – O que você faria, nesses primeiros passos, enquanto prefeito, se possivelmente fosse eleito? Além de dar fim a algumas pastas, quais são as principais prioridades hoje, sobre o que a cidade está precisando, além da questão do lixo que a gente acabou de levantar?

Botar para funcionar. A gente está muito disposto a construir um plano de governo diferente, porque a coisa que a gente mais vê em eleição é candidato que bate lá na porta da fundação A ou da fundação B, compra um documento, compra um PDF, registra na justiça eleitoral e nunca mais lê aquilo. Nunca mais retoma aquelas ideias.

A gente quer fazer diferente, porque Goiânia precisa ouvir as pessoas, precisa recorrer à sociedade para que a gente construa um plano de governo exequível, que seja possível de ser implantado e que seja alinhado com os problemas que a gente vive hoje. Goiânia tem se tornado cada vez mais uma cidade descoordenada.

A gente constrói prédios lindos, arranha céus gigantes, mas o asfalto está esburacado. A cidade não tem condição de malha viária. O transporte coletivo não avança. Temos um processo constante de favelização, de jogar as pessoas mais pobres para distâncias terríveis. Fazemos com que as pessoas percam tempo se deslocando. A gente não tem serviços públicos articulados. O nosso sistema de saúde é uma vergonha porque os CAIS se tornaram um caos. Não se tem atenção básica, não tem rede de saúde da família suficiente para evitar que não haja uma concentração dos atendimentos nos CAIS.

Não temos UPA suficiente para que os casos de emergência não morram nos corredores dos CAIS, que é o que acontece hoje. A educação sofre com a falta de informatização, de inteligência. Criança dorme no chão em CMEI de Goiânia, porque não tem política de logística. Não é porque falta, é porque há incompetência.

É igual gerir uma empresa. Não estão falando muito de gestor? Você tem que criar um organograma. É a partir de um novo organograma da gestão municipal que a gente consegue colocar as estruturas públicas para funcionar. Eu não poderia ser leviano de dizer que, ‘olha, nossa prioridade é a saúde’, ‘vamos transformar a saúde em 24 horas’. Seria mentira. E dá para a gente pensar num serviço público que não esteja interligado a outros segmentos? É impossível.

Nossa prioridade é botar a Prefeitura para funcionar por meio de um novo organograma, por meio de um novo modelo de funcionamento das estruturas que são as pastas, que são as secretarias, que são os servidores contratados para entregar serviço para as pessoas. Esses serviços precisam voltar a ser entregues.

Nós precisamos de médicos nos postos de saúde e o modelo para se fazer isso não é com essa terceirização absurda que fizeram no apagar das luzes. Precisamos ter apoio logístico para que a educação funcione bem. Precisamos ter os professores nas salas de aula, os técnicos administrativos nas salas de aula. Então, precisamos de um bom diálogo com a categoria para resolver os problemas que são crônicos. A Prefeitura precisa tratar melhor os servidores da educação. Precisamos ter um vínculo de credibilidade e confiança para colocar os serviços públicos funcionando.

Também a limpeza, os semáforos, o trânsito, a coleta de entulho. É justamente a partir desse exemplo que a gente consegue, inclusive, resolver questões que são relacionadas à cidadania. Quando o sujeito vê a cidade bagunçada, desordenada, do jeito que está, ele também vai se tornando mais relaxado. Olha o problema que nós temos em Goiânia das pessoas que jogam lixo na rua. Por isso que a gente diz que Goiânia tem coragem, que é coragem para falar a verdade, é coragem para fazer diferente, que a gente espera conquistar um apoio popular que nos permita chegar a um plano de governo eficiente, exequível, possível para a cidade e transformá-lo em realidade.

Italo Wolff – Recentemente você esteve na região da Rua 44, para conversar com os trabalhadores e empreendedores. Quais foram suas impressões e quais ideias você tem para a 44?

Primeiro, a gente precisa identificar que Goiânia tem polos que são grandes joias da cidade que precisam ser desenvolvidas. Temos o polo de moda da 44, que é um dos maiores do país. Temos o polo moveleiro do Jardim Guanabara, que pode ser imensamente desenvolvido, que precisa de financiamento, que precisa de investimento. Temos o polo agropecuário na região da Castelo Branco, nós temos o polo automobilístico na Vila Canaã, que muitas vezes foi marginalizado, que muitas vezes foi até menosprezado.

Precisamos entender que esses polos fazem parte dos eixos de desenvolvimento que nós precisamos comentar na cidade, precisamos de polo de inovação, de polo de moda, de polo automobilístico, de polo agropecuário, de regiões que consigam ter incentivo e fomento para geração de emprego, para inovação, para o empreendedorismo. Esse é um dos nortes do nosso plano de governo, identificar esses polos e construir políticas públicas para que eles avancem.

Mais especificamente sobre a região da 44, veja que ali a gente tem uma série de aparelhos públicos e de demandas que muitas vezes se tornam alvo de conflito. E deveriam ser alvo de união. Temos o Terminal Rodoviário, que é um shopping com grande movimentação, nós temos a região da Rua 44, nós temos a Feira Hippie, temos os ambulantes, que nós precisamos falar da questão dos ambulantes, precisamos apresentar ideias e sugestões para resolver os conflitos que surgem da informalidade, que surgem, muitas vezes, do trabalho precarizado, que é aquele cidadão que está ali ralando. O ambulante não está lá de má fé, está lá porque ele precisa ralar, porque ele precisa do sustento dele. E o poder público tem que olhar para essas pessoas.

Temos uma outra questão que é muito grave ali na região da Rua 44, que são as pessoas em situação de vulnerabilidade social, uma enorme população de rua em Goiânia que cresceu na pandemia, que cresceu com o processo de aumento da pobreza e nós não podemos fechar os olhos para essas pessoas. E temos ali um dos cartões postais da cidade, que é a Praça do Trabalhador. Veja que aquela reforma da Praça do Trabalhador atrasou três anos e até hoje não foi entregue. Veja que houve uma série de mudanças no trânsito e que a gente não tem nem sinalização naquela região. Você anda por ali e não tem placa. Não tem uma plaquinha dizendo assim, ‘Bem-vindo à Região da Rua 44’.

Aquilo ali é o maior sinal de menosprezo da Prefeitura com uma das grandes joias e potências econômicas da cidade. Qual é a nossa ideia para a criação do maior polo de moda nacional? É justamente conseguir dissolver esses conflitos que muitas vezes estão cristalizados, porque não houve o papel de intermediação do poder público, de sentar na mesma mesa os empresários da 44, os lojistas, que são pessoas que devem ser valorizadas, que contribuem com o município, que pagam seus impostos, que geram renda com o aluguel de suas lojas, que geram renda com vários empregos.

Eu conheci empresas ali fantásticas, que vendem até para fora do país, e isso tem que ser abraçado, isso tem que ser incentivado, é preciso chegar na Feira Hippie, que é um patrimônio imaterial da cidade de Goiânia, e conseguir mostrar para o feirante os benefícios de ter uma feira mais bonita, uma feira mais organizada, uma feira que tenha seus dias bem definidos, mas que seja um dia de alegria e não um dia de conflito, porque muitas vezes o cara vai na feira e não consegue parar, não consegue estacionar, gente atravessando a rua, não tem agente de trânsito para mostrar para o velhinho onde é a faixa de pedestre.

É mostrar para o ambulante os benefícios dele se formalizar, desse cara se tornar um microempreendedor individual, de ter acesso a uma estrutura pública para que ele possa desenvolver o seu negócio, acesso a microcrédito. Eu abri a minha empresa com 30 mil reais do GoiásFomento. Microcrédito transforma a vida das pessoas. Duvido você chegar para um ambulante, para uma pessoa que está na informalidade e falar para ela ‘nós vamos te ensinar a abrir sua empresa, a aumentar a sua produção, te ensinar a ganhar dinheiro’ e a pessoa não querer.

Precisamos também ter equipes de consultório na rua pra amparar quem está em situação de vulnerabilidade, porque não se tira ninguém da rua só entregando marmita e fazendo um abrigo. Muitas vezes você vai nas casas de acolhida, ninguém quer ficar lá. Será que o prefeito toparia dormir um dia numa casa de acolhida pra ver como é que é. Eu conheço, porque eu faço trabalho social na rua, eu apoio as instituições, eu sempre estou ali e sei que o trabalho necessário para ajudar as pessoas que estão em situação de vulnerabilidade começa com equipes de consultor na rua.

Precisamos reforçar esse trabalho, precisamos ter locais que estejam abertos e dispostos a receber essas pessoas, incentivando as instituições filantrópicas. Enquanto isso, a Prefeitura está doando terreno em conchavo político, mas a gente não está atendendo as instituições filantrópicas.

Então, essa visita à Região da 44 foi muito importante não apenas para ouvir as demandas dos lojistas, a quem eu tenho profundo respeito e profundo comprometimento com o trabalho, mas também para trazer a minha ideia de que é preciso gerar conexão ali, para que a gente esteja fortalecido. É o movimento de pessoas que chegam de fora da cidade pela rodoviária, que passam pelo shopping, que vão na Praça do Trabalhador. Precisamos de um museu ali, não precisamos de Atender Fácil lá na Praça do Trabalhador. Nós precisamos mostrar aquela estação ferroviária, de uma Feira Hippie bonita, sinalizada, com estacionamento organizado, com banheiro para as pessoas, sem aquelas barracas antigas, sem aquela mão de obra precarizada.

A Feira Hippie precisa ser, novamente, o cartão postal da cidade e não essa bagunça, não essa desorganização que virou. Quero poder somar, quero poder conectar os elos de uma mesma corrente. Esse é o papel do prefeito, promover a união, promover diálogo, entendimento, levar a política pública para que a gente consiga avançar com a nossa cidade.

Ton Paulo – Publicamos uma matéria recentemente sobre a movimentação dos pré-candidatos em busca de nomes na comunicação, marqueteiros, para tocar a campanha. Você é um comunicador. Você é o seu próprio marqueteiro?

Eu até dei uma declaração alguns dias atrás dizendo que eu não quero marqueteiro na minha campanha. Reafirmo isso. Mas eu preciso fazer uma ressalva primeiro aos meus colegas da comunicação que trabalham com estratégia política. Isso nem de longe é uma crítica à atuação profissional de quem quer que seja. Respeito todos os profissionais do marketing político e espero que tenham sucesso nas suas empreitadas. Mas o que a gente vê por parte dos políticos é aquela postura de achar alguém ideal para moldar um discurso e enganar as pessoas. É alguém que vai chegar, que vai fazer pesquisa, que vai ler o gráfico e vai falar assim, ‘diz isso, diz aquilo, ataca isso, bate naquilo, critica o fulano dessa forma’.

Não quero ninguém me moldando. A figura do marqueteiro não existe na minha campanha. O que a gente ia gastar com marqueteiro, com esse excesso de publicidade, com essa plástica que muitas vezes buscam para enganar as pessoas, nós vamos destinar para uma equipe técnica para pensar o nosso plano de governo. Há uma equipe técnica para estudar a cidade, para ouvir as pessoas, fazer um levantamento aprofundado sobre Goiânia, e hoje eu já me encontro matriculado num curso de estruturação de plano de governo feito pelo Renova em parceria com a Fipe [Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas], vou somar forças com o Instituto Teotônio Vilela, que é o braço de pesquisas do PSDB, e o que a gente ia torrar em publicidade, que é o que os outros estão fazendo aí, a gente vai fazer investindo num time técnico que me ajude, não só a ter informações, como também a fazer uma equipe profissional.

Sou um cara que vem da comunicação, eu sei muito bem as ideias e os ideais que eu quero transparecer, eu enxergo muito bem os pilares de sustentação da nossa pré-campanha, da nossa campanha. É uma mensagem de renovação, de combate à desigualdade, de eficiência do serviço público, de que é possível colocar a Prefeitura a serviço das pessoas e não a serviço dos políticos. E vamos fazer uma campanha assim como eu fiz a minha, de deputado federal. Uma campanha bonita, correta, uma campanha visualmente agradável, mas que esteja baseada em outros fundamentos. E um deles é também a economia de recursos.

Acho que buscam tantos milionários aí para isso, porque fazem campanhas absurdamente caras, campanhas absurdamente repletas de desperdício, repletas de, enfim, de comportamentos que eu não concordo.

Ton Paulo – Você mencionou a equipe técnica, mas na parte de comunicação, você vai ser seu comunicador então?

Acho que a gente precisa entender que é importante você contar com jornalistas, com produtores de conteúdo, com cinegrafistas, mas o que eu não quero é a figura de algum que venha tutelar [minha imagem]. Esse papel está descolado da realidade. Quando a gente observa que a Prefeitura de Goiânia já teve oito marqueteiros, e a cada marqueteiro a ideia é transformar o prefeito em uma pessoa diferente… eu sou um só. Não quero um marqueteiro agora por arrogância ou por achar que é desnecessário. É porque eu também não quero lá na frente. A minha forma de fazer política busca uma essência de conexão com as pessoas, e isso o jornalismo me ensinou. Sei conversar com as pessoas, sobretudo, ouvir as pessoas.

Enquanto jornalista, enquanto profissional da comunicação, também me considero apto para poder liderar essa equipe, para poder coordenar isso ao longo da nossa campanha.

Italo Wolff – Você é um candidato de centro. A gente tem hoje, na direita, uma pulverização. São vários pré-candidatos que se colocam como direita, centro, centro-direita, e na esquerda a gente tem a Adriana Accorsi correndo mais ou menos sozinha. Como é o seu diálogo com o eleitorado da esquerda? Você pretende atrair esse público dela também?

Precisamos ter um entendimento que, num país continental como esse, num país com os desafios que o Brasil apresenta, os extremos são as mesmas faces de uma única moeda. Essa coisa de ‘é Lula ou Bolsonaro?’. Não, eu sou Matheus Ribeiro. Não acho que a Prefeitura de Goiânia tem que estar com a turma do PT, que teve gestões desastrosas à frente da Prefeitura, não faz muito tempo, muito menos com a turma do Bolsonaro, que distorce muitas vezes alguns ideais. Porque não é patriota você discursar em inglês a favor do Elon Musk. Isso não tem nada de patriota.

A gente precisa mostrar para as pessoas que a administração municipal é uma área de serviço, que as entregas que a gente deve fazer para a população não dependem do debate ideológico que está lá na Brasília, do debate em torno de costumes, não dependem do debate em torno dessa disputa e dessa polarização que representa nada mais, nada menos que uma retroalimentação. É o Tom e o Jerry. Eles ficam correndo atrás do outro, todo desenho, e só vira confusão, ninguém chega a lugar algum.

Por isso que colocar minha candidatura no centro do espectro político, além de estar muito alinhado com o que eu penso enquanto cidadão, enquanto político, é uma forma de demonstrar para as pessoas que a Prefeitura precisa estar a serviço do cidadão e não a serviço da esquerda, não a serviço da direita. Não precisa haver ali uma bandeira afincada para o projeto de quem quer que seja em 2026. A bandeira que tem que estar afincada na Prefeitura de Goiânia é a bandeira da eficiência, da retomada dos serviços públicos para o cidadão.

E a gente consegue fazer isso com o governo do centro, porque eu terei independência e autonomia para ter uma relação respeitosa e produtiva com o governo do Estado, o que é fundamental. Quero ter um diálogo coerente, republicano, respeitoso com o governador e também uma relação, nos mesmos termos, junto ao governo federal. Mostrar que uma candidatura de centro tem essas condições é fundamental, porque um governo do PT inevitavelmente vai ser travado junto ao governo do Estado, e um governo bolsonarista inevitavelmente vai ser travado junto ao governo federal.

Quando você mostra que a Prefeitura está a serviço das pessoas, quando você tem à frente da Prefeitura de Goiânia um prefeito com coragem para falar a verdade, mas com respeito às autoridades, com independência para tratar com os outros entes do poder público, você consegue construir políticas públicas que sejam transformadoras para Goiânia. Porque você não está colocando a máquina pública a serviço do seu grupo ideológico, mas a serviço de mais de um milhão e meio de pessoas.

Ton Paulo – Como é que está a sua relação com o ex-governador Marconi Perillo? Como é que ele tem atuado na sua pré-campanha?

Primeiro, com uma relação de muita transparência, o presidente [do PSDB nacional] Marconi acreditou no meu nome para que eu pudesse representar o partido. Logo que a ideia começou a se desenvolver, eu recorri a ele porque eu preciso do apoio do meu partido, sem isso eu sequer seria candidato. Quero ter na figura dele um grande apoiador da minha campanha, reconheço muito as entregas que o governo do Marconi teve para a Goiânia.

Nós temos um dos maiores hospitais da América Latina, que é o Hugol, que foi uma obra do PSDB. Temos as duplicações de várias rodovias importantes para a Goiânia nas suas saídas, que ajudaram a desenvolver a nossa cidade. Temos a construção do Oscar Niemeyer, a gestão e a modernização do Eixo Anhanguera. Então, você tem uma série de realizações que aconteceram nos governos do PSDB para a Goiânia, realizações essas que, muitas vezes, a Prefeitura não conseguiu acompanhar.

Se for relacionar grandes obras da Prefeitura nas últimas gestões, talvez seja uma lista bem pequena. Nos governos do PSDB, a gente já teve um olhar muito mais voltado para o progresso, para o desenvolvimento, e o Marconi foi o governador mais jovem da nossa história. Foi eleito com 35 anos. De certa forma, isso mostra a coragem do PSDB em investir em novos nomes, em apostar em governos que consigam inovar na administração pública e, com toda certeza, isso me referencia na construção de uma trajetória pessoal, na construção de uma trajetória política que é minha.

Não sou tutelado, não sou apadrinhado, muito pelo contrário. Tenho a alegria de ter o apoio do governador Marconi Perillo, que sobretudo reconhece a minha independência e estimula que o PSDB construa cada vez mais lideranças independentes, lideranças que consigam mostrar a importância disso para a sociedade, porque é a própria trajetória dele. É a história que ele construiu. E alguém eleito quatro vezes para o governo do Estado é alguém com muita capacidade e habilidade política.

Ton Paulo – Mas qual seria o papel dele num possível governo seu, numa gestão sua, frente a Prefeitura?

Nenhum, um apoiador, presidente do meu partido. Acredito que, sequer, caiba algum papel para o ex-governador Marconi, eu não teria nem a coragem de fazer um convite formal desse, porque acredito que uma secretaria municipal não caberia a alguém da estatura dele, alguém que hoje muito contribui para o nosso partido como presidente, e acredito que o grande projeto de Marconi é ser o nosso candidato a governador em 2026, e ele tem trabalhado muito para que isso aconteça, não apenas como presidente nacional do PSDB, como também fomentando o partido nos 246 municípios.

Ton Paulo – As pessoas têm um receio ainda quanto à sua idade, que você seria muito jovem para o cargo [de prefeito]. Por que o seu nome merece um destaque nessa lista de pré-candidatos?

Nossa geração precisa estar disposta a ocupar os espaços de poder e mostrar que é possível fazer diferente. Sempre tive que lidar com certa desconfiança ou receio em cargos que ocupei também muito jovem. Comecei a apresentar jornal com 21 anos de idade. Como é que eu consegui desconstruir isso? Com muito trabalho, conseguindo formar equipes e estar junto a times que se destacam pela competência. E os resultados que eu tive na minha vida pessoal, na minha vida profissional, mostram isso.

Agora, nesse que é o maior desafio da minha vida, me sinto muito disposto e muito animado para, como disse anteriormente, formar um time de excelência, um time com os mais competentes da cidade, para gerir a cidade com mais inteligência e eficiência.

O post Matheus Ribeiro: “Temos hoje 29 secretarias na Prefeitura de Goiânia. Não precisamos de mais que 12” apareceu primeiro em Jornal Opção.

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