• New Page 1

    RSSFacebookYouTubeInstagramTwitterYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTube  

A silenciosa “revolução industrial” em curso no Brasil

Carregamento de açúcar em um navio no Porto de Santos (SP). Foto: Divulgação

Sem muito alarde, a economia brasileira vem se reindustrializando. Está recomeçando lá de baixo, pelas cadeias menos complexas, com destaque para o setor de alimentação, que já responde por quase 40% das exportações brasileiras de produtos industrializados.

Já fiz duas reportagens sobre o tema, com base em dados atualizados do IBGE:

  • Algumas notícias que vem da indústria, de 07 de abril de 2024.
  • Produção industrial brasileira mantém ritmo de forte crescimento em março, de 3 de maio de 2024.

Examinando os últimos números do comércio exterior do Brasil, descubro que eles revelam uma “revolução silenciosa” da indústria nacional. A expressão está entre aspas, porque se trata naturalmente de uma figura de linguagem, um exagero inocente, já que os produtos industrializados em questão ainda são muito simples. E se uma tonelada de açucar refinado, carne congelada ou barras de ferro é bem mais barata do que o mesmo peso em semicondutores, esses produtos tem a vantagem de ter um mercado, sob vários aspectos, infinitamente mais estável. A começar, estão sempre livre das malditas “sanções” do Norte Global e não competem com as poderosas fábricas chinesas automatizadas por inteligência artificial.

O fato é que as exportações brasileiras de produtos manufaturados vêm experimentando, há vários anos, um crescimento contínuo, vigoroso, e registraram um importante salto a partir de 2021.

Os números são impressionantes.

Nos últimos 12 meses (até abril), as exportações de produtos brasileiros industrializados totalizaram US$ 179 bilhões, ou que corresponderia, ao câmbio de hoje (que está R$ 5,15), a R$ 921,5 bilhões, um crescimento de 305% desde 1998!

A indústria de alimentação reúne os manufaturados brasileiros mais bem sucedidos lá fora, e só ela foi responsável por gerar US$ 65,7 bilhões nos últimos 12 meses, um aumento de 57% em 10 anos e de 269% em 15 anos!

Mas outras categorias também tiveram bom desempenho. Nos últimos 12 meses, por exemplo, o Brasil exportou US$ 11,5 bilhões em máquinas e equipamentos, um crescimento de 81% em 15 anos.

O item “equipamentos de engenharia civil”, para dar outro exemplo, registrou a exportação equivalente a US$ 3,48 bilhões nos últimos 12 meses, um crescimento de 406% em 20 anos!

Individualmente, os itens industriais mais vendidos pelo país, com geração acima de R$ 5 bilhões em 12 meses, são todos derivados do agronegócio. O que faz sentido, pois é o agronegócio que reúne a maior quantidade de capital e poupança. Nada mais natural que tenha um papel estratégico e determinante no processo de industrialização do país.

Em primeiro lugar vem o açúcar refinado, cuja exportação gerou incríveis US$ 18,7 bilhões nos últimos 12 meses, um crescimento de 73% em 10 anos e de quase 700% em 20 anos!

Em segundo lugar, vem ração animal (farelos e farinhas de soja e de carne), cuja exportação totalizou US$ 12,2 bilhões no acumulado de 12 meses até abril último, um crescimento de 316% em 20 anos.

Depois temos derivados de petróleo, que também começam a fazer a diferença na balança comercial. O Brasil exportou US$ 12,15 bilhões em derivados nos últimos 12 meses, aumento de 723% em 20 anos!

Os lugares seguintes no ranking dos principais produtos brasileiros exportados foram ocupados por carnes, celulose, produtos de ferro, equipamentos de engenharia, elementos químicos e máquinas agrícolas.

A transformação econômica vivida pelo Brasil desde o final dos anos 90 foi espantosa. No geral, as exportações brasileiras avançaram 538% de 1998 a 2024!

A participação relativa do agronegócio e da mineração, na economia, foi puxada para cima pelo avanço absolutamente sensacional desses dois setores. As exportações agropecuárias subiram 1.342% nesse período, e as da indústria extrativa, 2.329%! Mas as exportações da indústria de transformação também cresceram muito de 1998 a 2024.

Uma vantagem notória do universo de produtos industrializados é a maior diversidade dos mercados compradores. Enquanto os produtos agropecuários “in natura” concentram-se em poucos destinos, sobretudo China, os industrializados, incluindo alimentos, vão para o mundo inteiro, de maneira bem mais equilibrada. A China compra apenas 9% dos produtos industrializados brasileiros, por exemplo, contra 17% dos EUA e 6% da Argentina.

Publicado originalmente em “O Cafezinho”

Chegamos ao Blue Sky, clique neste link
Siga nossa nova conta no X, clique neste link
Participe de nosso canal no WhatsApp, clique neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link
Adicionar aos favoritos o Link permanente.

Os comentários estão desativados.