Projeto ‘Morro de Vontade’ já levou água para vinte famílias da Comunidade Alto da Telha. Pesquisadores de Pernambuco desenvolvem tecnologia que leva água tratada para comunidades e ajuda no combate ao aedes aegypti
Uma tecnologia desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) está levando água tratada para comunidades carentes, e ajudando no combate à dengue.
Um caminhão vai para as comunidades do Recife com a solução para muitas famílias que não tem água tratada em casa. Com seis metros de comprimento e 50 quilos, o equipamento de fibra de vidro é carregado por escadarias, vielas e locais de difícil acesso. A base é estreita com 25 centímetros para caber nos menores terrenos.
O projeto “Morro de Vontade” já levou água para vinte famílias da Comunidade Alto da Telha
Reprodução/ TV Globo
O projeto “Morro de Vontade” já levou água para vinte famílias da Comunidade Alto da Telha, no bairro do Passarinho. Dona Maria das Dores, uma das primeiras a receber o reservatório não se preocupa mais com a falta d’água.
“Mil e trezentos litros d’água dentro de casa pra tudo, pra tomar banho, pra cozinhar, até pra beber é ótima”, diz Maria das Dores Freitas dona de casa.
Um sistema de calhas ao redor do telhado leva a água da chuva para uma cisterna de trezentos litros que fica no subsolo. Do subsolo, ela é bombeada para o reservatório que é oco e armazena até mil litros de água. Antes de seguir para as torneiras, a água boa para o consumo da família é tratada com cloro.
Uma tecnologia e várias soluções. Além de ajudar a resolver o problema crônico do abastecimento de água, o reservatório capta parte da água da chuva que se infiltraria no solo e reduz a ameaça de deslizamento, principalmente, nas áreas de morro.
Uma outra vantagem é que o reservatório é totalmente fechado, o que impede a entrada do mosquito Aedes aegypti, que está sempre em busca de novos criadouros.
” Pra ser limpo não precisa subir com escada, não precisa abrir esse reservatório, tem uma válvula de descarte aqui que a pressão hidráulica ela faz a limpeza do reservatório (…) à prova de mosquito”, explica Ruan Fernandes, engenheiro civil e pesquisador.
O projeto-piloto da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) vai instalar a tecnologia em 75 casas.
Júlio César Luz, professor e pesquisador da (UFPE), destaca a importância. “A água da chuva foi reconhecida em 2017 como recurso hídrico e a gente precisa aproveitar a chuva exatamente para trazer dignidade pra essas pessoas, pra que a gente possa ter água para o desenvolvimento econômico, social e sustentável de toda a sociedade.”
Seu Gilmar ganhou um reservatório e vai aposentar as dezenas de potes e embalagens onde juntava água. A maior alegria da família é tomar banho no chuveiro que não funcionava há cinco anos.
“O chuveiro era só decoração. Eu já tinha tirado ele do lugar” , conta Gilmar Francisco dos Santos, borracheiro.
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