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Dia da Pipoca: ‘O segredo da minha receita é o amor’, conta pipoqueiro fantasiado da Tijuca

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Junto à carrocinha equipada com caixa de som, Ailton Arruda, de 55 anos, leva alegria às ruas da Tijuca há 27 anos. Resistente à moda das pipocas gourmetizadas, ele conheceu a esposa enquanto trabalhava, vestido de Banana de Pijamas, e conta o g1 por que quase desistiu da profissão. No dia da pipoca, conheça o Ailton, pipoqueiro artista do Rio de Janeiro
A palavra pipoca vem do tupi antigo: “pira pok ” ou “pele estourada”. Pra muita gente, a iguaria pode estar associada ao cinema, a um dia de folga, e em partes do Brasil, tem quem coma também com chimarrão gelado – o tereré, como você pode descobrir no podcast do g1 De onde vem o que eu como #62.
Mas na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro, este macio grão de milho estourado é uma oportunidade de trazer um sorriso ao rosto de quem passa; e propósito à vida de um porteiro. Aos finais de semana, quando vai caindo a noite, é inevitável reparar em um pipoqueiro fantasiado, com caixa de som estourando na carrocinha e uma animação que contagia mais do que o cheirinho da sua pipoca.
Porteiro Ailton Arruda, de 55 anos, tem mais de 27 na dupla função, trabalhando também como pipoqueiro de quinta a domingo
Gustavo Wanderley/g1
Nesta segunda-feira, 11 de março, Dia da Pipoca, chegara a hora de contar a história dele aqui no g1. O porteiro Ailton Arruda, de 55 anos, tem mais de 27 na dupla função, trabalhando também como pipoqueiro de quinta a domingo. Apesar de ele estar quase sempre fantasiado, é possível vê-lo sem fantasia na última foto da reportagem.
Natural de Bangu, na Zona Oeste do Rio, a mais de 40km da Tijuca, ele decidiu fantasiar-se para vender pipoca inspirado em um outro pipoqueiro do seu bairro de origem. Como porteiro, ele conseguiu se mudar para a Tijuca e, complementando a renda com a venda da pipoca, foi possível realizar o sonho de ver as quatro filhas estudando, duas delas com ensino superior completo.
Ailton, que se diz tímido, já recebeu até convite para integrar uma turma de artistas circenses, mas recusou. Como se diz aqui no Rio, a parada dele é outra.
“Olha, você não sabe como sou tímido. Esse trabalho que vai me soltando, me faz um bem danado. Entro no personagem, minha filha (Gabi) me ajuda a colocar as músicas nos pen drives e boto para tocar na minha carroça. A seleção das músicas combina com a fantasia. Aqui é profissional. Tudo direitinho. E foi numa dessas que um artista me perguntou se eu não queria ir embora trabalhar no circo. Mas meu negócio mesmo é a rua, é andar aqui pela Tijuca, ver as crianças sorrindo pra mim, as pessoas me dando tchau da janela, isso é a minha vida”.
Apesar dos quase 30 anos de história com a pipoca e até uma cachorrinha caramelo com o nome da iguaria (sim: pipoca é o nome dela), o porteiro-pipoqueiro já pensou em desistir do dupla função diante de uma brincadeira que muito o constrangeu. Mas se nem o milho resiste ao calor do amor do Ailton por esse trabalho, dessa vez não seria diferente.
“Vi uma criança brincando meio calada, sem muita alegria, e fui mexer com ela. Estava vestido de palhaço. Mas ela não sorria pra mim. Até que a mãe me disse que a filha era cega. Aquilo mexeu muito comigo, fiquei muito mal mesmo. A mãe me abraçou, me disse que viu que não fiz por maldade, deboche, nem nada. Dei um saquinho de pipoca para a menina, ela comeu e sorriu, aquilo me aliviou muito o coração, sabe? Nunca mais esqueci desse dia, quase desisti de tudo”, contou, emocionado.
Embora seja um apaixonado pelo Fluminense, Ailton não se nega a fantasiar-se de outros times – ou de quase tudo.
Gabrielle Arruda/Arquivo Pessoal
Ailton Arruda homenageia Rita Lee após a morte da cantora
Gabriele Arruda/Arquivo Pessoal
O pipoqueiro Ailton vestido do personagem fictício Darth Vader, da saga Guerra nas Estrelas
Gabriele Arruda/Arquivo Pessoal
No dia que a equipe do g1 acompanhava o Ailton na venda da pipoca, ele estava trajado de fã do tricolor carioca em homenagem ao título conquistado na Recopa Sul-Americana 2024. Embora seja um apaixonado pelo Fluminense, Ailton não se nega a fantasiar-se de outros times – ou de quase tudo.
A coleção de fantasias que ele mostrou ao g1 reúne:
👩‍🎤 homenagens às cantoras brasileiras Rita Lee e Joelma;
🦸 a heróis como Super-homem, Homem-Aranha, Batman;
🎅 além de Papai Noel, Banana de Pijamas;
✨ personalidades como Xuxa, Michael Jackson, Freddie Mercury;
🍿 e uma personagem inventada por ele: a Mulher-Pipoca;
Falando em ‘mulher’ e em ‘pipoca’, foi vendendo pipoca, fantasiado de Banana de Pijama, que o Ailton conheceu a esposa Dalva.
“Ele trabalhava como faxineira, diarista, lá perto da pracinha onde eu parava. Quando passava, ela descia, a gente conversava. Ela ria comigo. Mulher a gente tem que fazer rir, agradar. Mas ela não foi fácil não e foi aí que eu pensei: ‘vou conquistar essa mulher’. E assim foi, com respeito e persistência, conquistei a Dalvinha. E hoje estamos aí, com duas filhas estudando, ela é minha parceira”, disse Ailton, orgulhoso.
Ailton também homenageia profissões, como a dos garis.
Gabriele Arruda/Arquivo Pessoal
O pipoqueiro Ailton Arruda fantasiado de mágico
Gabriele Arruda/Arquivo Pessoal
De Papai Noel, o pipoqueiro Ailton Arruda diverte crianças e adultos da Tijuca
Gabriele Arruda/Arquivo Pessoal
Pipoca: conheça seus benefícios
Originalmente, ao vender pipoca, contou que fazia um trajeto de mais de 10 km, ida e volta, indo da Rua São Miguel até a Praça Afonso Pena, na Tijuca. E sempre que dá, distribui a pipoca excedente na subida da Comunidade do Cruz. Hoje, ele confessa que puxar e empurrar o carrinho cansa mais. Por isso, sonha em deixar sua carrocinha motorizada.
Nessa dupla-jornada, apesar de ganhos financeiros serem bem-vindos, a venda da pipoca não é mandatória para ele. O lucro maior reside em outro lugar. Isso sem falar da receita que, além de ingredientes de qualidade, leva um elemento de qualidade imensurável.
“Tem dias que eu não vendo nada de pipoca. Mas só de estar ali, de receber um sorriso, um abraço, pra mim não tem preço. Isso aqui pra mim é amor, e é esse o segredo da minha pipoca. Ingredientes bons, de qualidade, e amor. E, sabe, não vou parar. Tem uma senhora que sempre me olha da janela, e ela uma vez me disse ‘você não sabe o bem que faz a tanta gente, você é a alegria da Tijuca’, e eu não vou parar enquanto tiver saúde. Vocês são testemunhas”, afirmou categoricamente.
A pequena Maria Lúcia, de 7 anos, ainda com o uniforme da escola, e acompanhada da avó, assentiu quando perguntada se o animado Ailton e sua pipoca são realmente tudo isso ao que se propõem. A única reclamação veio com certo rubor nas bochechas. Não é que ela não gostou do traje do Fluminense, mas preferia muito mais a fantasia de Joelma. Ailton prometeu atender ao pedido na outra semana.
De palhaço, Ailton Arruda é o pipoqueiro que faz a festa nos finais de semana da Tijuca
Gabriele Arruda/Arquivo Pessoal
Ailton Arruda trabalha como porteiro durante a semana, mas aos finais de semana é um animado pipoqueiro na TIjuca
Gabriele Arruda/Arquivo Pessoal

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