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Conheça história de Miguel, homem escravizado que dá nome a rua alvo de ação do DPE em Salvador


g1 conversou com historiador sobre a história do escravizado. DPE sugeriu mudança do nome da rua devido ao termo “escravo”. Rua Morro do Escravo Miguel, em Ondina
TV Bahia
Formadas por prédios de alto padrão e com vista para o mar, a rua Morro do Escravo Miguel, em Salvador, pode ser uma tentativa de homenagem a um homem que foi considerado rei. O “escravo Miguel” pode ser Miguel de Buría, negro latino americano que lutou contra o regime escravocrata.
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Após a Defensoria Pública da Bahia (DPE-BA) sugerir que a prefeitura de Salvador mude o nome da rua localizada em Ondina, o g1 Bahia buscou entender quem pode ter sido a figura que dá nome ao local.
Defensoria Pública recomenda mudança de nome de rua em área nobre de Salvador
Segundo o historiadores, o “escravo Miguel” da placa pode ser a figura revolucionária. Uma outra possibilidade é que Miguel tenha sido outro homem escravizado que se escondeu no morro para fugir do trabalho forçado, por exemplo.
Como não há registros sobre a escolha do nome, não é possível confirmar quais dos “Migueis” originou a placa. Mas independente das opções, a sugestão da mudança é uma só: conscientizar a população sobre o tema.
Miguel de Buría
Miguel de Buría
Reprodução TV Bahia
Nascido em Porto Rico, Miguel foi vendido como escravo e levado para a região onde hoje é a Venezuela.
Segundo o historiador Murilo Mello, Miguel teria conseguido roubar uma espada de um capataz, lutar contra ele e fugir
“Isso teria inspirado outros escravizados a seguir o caminho de Miguel. Eles criaram um núcleo de resistência”, contou.
O historiador Ricardo Carvalho completou que essa mobilização foi além das fugas: entre 1550 e 1555, Miguel foi responsável por liderar a possivelmente primeira grande rebelião de negros e indígenas das Américas.
“Ele dominou as minas de Buría e por causa desse poder de liderança, foi chamado de Rei Miguel e a esposa dele, de rainha”, contou o historiador
Ainda de acordo com Ricardo Carvalho, a figura de Miguel na história da Venezuela pode ser comparado a importância dos líderes Zumbi dos Palmares e Maria Felipa para o Brasil.
Mudança do nome
Rua Morro do Escravo Miguel é formada por prédios de alto padrão
TV Bahia
Ruas, praças e espaços públicos recebem nomes de pessoas para prestar homenagens. Normalmente, as figuras que dão nomes a esses locais tiveram atos heroicos ou ofereceram grandes contribuições para a sociedade.
Para a defensora pública Letícia Peçanha, coordenadora do Núcleo de equidade Racial da DPE, o substantivo “escravo” não é uma homenagem.
“No caso do Miguel, a ‘homenagem’ foi ser eternizado como um escravo, uma pessoa que foi tratada como uma mercadoria. Não sabemos da sua memória, da sua luta, só sabemos que ele foi uma pessoa tratada como um objeto”, explicou.
O sociólogo Ailton Ferreira reforça que o termo “escravo” não deve mais ser utilizado.
“A impressão que passa é que a pessoa é escrava porque ela quer, a pessoas é escravizada porque um grupo, um sistema a escravizou” explicou.
Segundo o professor, uma possível mudança de nome não significa “ir contra a história”, mas sim ter um novo olhar sobre ela.
“O Brasil é um país de base escravista, patriarcal, racista, então é muito importante que a gente resgate nomes ligados a essa luta contra essa base. É preciso dar protagonismo a quem representa essa luta”, afirmou.
Quem passa pelo local diariamente diverge de opinião: enquanto alguns apoiam a mudança, outros acham que ela não é necessária.
“Não se encaixa mais colocar o nome de uma rua com o termo “escravo” e, reforçando as lutas antirracistas, acredito que essa rua deva mudar de nome”, afirmou o auxiliar administrativo Lisandro Lima.
“Os erros do passado têm que permanecer para que a gente não os cometa no futuro. Não é retirando o nome da rua, que nós vamos mudar. Tem que haver a mudança pela educação”, disse engenheira civil Luciana Magalhães.
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