• https://www.vakinha.com.br/vaquinha/sos-chuvas-rs-doe-para-o-rio-grande-do-sul

      New Page 1

    RSSFacebookYouTubeInstagramTwitterYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTube  

Escorpiões, ratos e entulho: moradores da Zona Sul de SP vivem em meio a ‘lixão’ após demolição para obra do BRT-ABC

escorpioes,-ratos-e-entulho:-moradores-da-zona-sul-de-sp-vivem-em-meio-a-‘lixao’-apos-demolicao-para-obra-do-brt-abc


Comunidade diz que empresa fez destruição parcial de casas, há um ano, mas não retirou escombros. Consórcio BRT-ABC afirma que a limpeza do terreno é feita ‘regularmente’. Moradores da Vila Cristalia denunciam acúmulo de entulho após desapropriação de casas
Moradores de uma comunidade na Vila Cristália, na Zona Sul de São Paulo, relatam que estão vivendo em meio a um “lixão” há cerca de um ano.
Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp
De acordo com a presidente da associação de moradores do bairro, Shirley Venâncio, a situação começou após a desapropriação e demolição de alguns imóveis que estariam no caminho da obra do BRT-ABC, sistema rápido de ônibus elétricos que conectará a região do Grande ABC à capital.
“Disseram que aqui ia ser uma das estações e, por isso, a empresa começou a desapropriar as famílias e derrubar as casas”, afirma.
LEIA MAIS
VÍDEO: Bar Mercearia é demolido em dois dias em SP
Escola Municipal na Zona Norte de SP é furtada pela 5ª vez em duas semanas e aulas são suspensas
Moradores vivem em meio a um “lixão” em comunidade na Vila Cristalia
Aline Freitas/g1 SP
Segundo Venâncio, os proprietários receberam um comunicado de uma empresa sobre a realização de uma vistoria e, mais tarde, algumas casas da região foram desapropriadas e demolidas. A CTAgeo foi contratada pela concessionária BRT-ABC/Next Mobilidade, que ficou responsável pelos trabalhos de desapropriação e demolição, além da vistoria.
Eles informam que, após a demolição das casas, em março do ano passado, a CTAgeo nunca mais voltou ao local nem limpou os destroços. Em pouco tempo, a região virou depósito de entulho e lixo jogado por moradores do entorno.
A BRT-ABC/Next Mobilidade informou, em nota, que “os terrenos da área são limpos regularmente, de acordo com o ritmo de demolição acordado com os moradores” (leia a nota completa abaixo).
A obra na região também não começou, e os moradores dizem não ter recebido nenhum outro comunicado.
Comunicado recebido pelos moradores da comunidade em março de 2023
Acervo Pessoal
Em imagens compartilhadas com o g1, é possível ver um escorpião que foi capturado no local. Os moradores também relataram que a presença de ratos, baratas e animais peçonhentos já virou parte da rotina.
Há também preocupação com focos de dengue, devido a pontos com água parada. Das cerca de 20 famílias que moram no local, três já registraram casos da doença.
O g1 foi ao local e constatou a presença de muito lixo, mosquitos, moscas, restos de alimentos, pontos de água parada e cheiro forte.
Escorpiões encontrados na região da Vila Cristalia
Acervo pessoal
Reginaldo da Silva, que mora no local há quatro anos, afirma que nunca foi tão ruim viver ali. “Antes, a gente cuidava, tirava lixo e tudo, mas como que a gente vai proteger a frente da nossa casa se tem uma coisa dessas aí trazendo os bichos para cá?”
“Se a empresa comprou e precisa do terreno, deixa o terreno limpo e deixe a gente sossegado aqui, sem correr perigo”, destaca.
Além da suscetibilidade da população ao lixo e a animais perigosos, a locomoção também foi afetada. Quando os imóveis foram derrubados, a empresa não deixou uma passagem entre a comunidade e saída que leva até a rua. Os moradores dizem que foram eles mesmos que limparam o local, empurrando os entulhos para as laterais do terreno.
Venâncio explica que, antes da limpeza promovida pela comunidade, a travessia era feita por cima das lajes (veja no vídeo acima). Naquele período, uma moradora cadeirante – que morreu há 3 meses – precisava ser carregada para entrar e sair do terreno.
Passagem feita pelos moradores entre pilhas de entulho e lixo
Aline Freitas/g1
No documento entregue pela CTAgeo há o contato da arquiteta responsável, que poderia ser acionada em caso de dúvidas. Venâncio explica que os moradores tinham um grupo de mensagens com a profissional e, nele, a arquiteta justificava a falta de limpeza como uma maneira de evitar a invasão do terreno por outras pessoas.
Ela também responsabilizava os moradores da comunidade pelos materiais jogados no espaço. Eles negam. As reclamações ficaram mais constantes e, segundo os moradores, a arquiteta parou de responder.
“Em momento algum a gente participou de uma audiência pública sobre a obra. Eu soube porque vi agentes da empresa catalogando as árvores, fui perguntar, e eles me informaram que era por causa do BRT”, conta Venâncio.
Depois que o g1 pediu posicionamento à empresa, equipes dos responsáveis pela obra do BRT se locomoveram ao local e deram início à limpeza, mas logo foram embora. Moradores registraram o trabalho.
A CTAgeo confirmou ter feito as vistorias dos imóveis, mas, até a última atualização desta reportagem, não respondeu aos demais questionamentos em relação às denúncias dos moradores.
Agentes do BRT limpando o local após a realização da reportagem
Acervo pessoal
O que diz a BRT-ABC/Next Mobilidade
“Os terrenos da área são limpos regularmente, de acordo com o ritmo de demolição acordado com os moradores. A limpeza inclui o entulho decorrente de demolições e o lixo comum deixado pela população. Hoje mesmo (13/3/24) iniciou-se uma nova limpeza do terreno da Vila Cristália.
Demolições são realizadas sempre que alguma família deixa o local, após acordo. Tais acordos começaram no primeiro semestre de 2023 e prosseguem até hoje.
Moradores de comunidade vivem em meio a entulho e lixo na Vila Cristalia
Aline Freitas/g1
Com apoio de assistentes sociais, o BRT-ABC está em contato direto com os moradores, com os quais dialoga constantemente, em reuniões presenciais e por grupos de WhatsApp.
Ainda existe no local um resto de obra, que deve ser coletado pela empresa contratada para descarte até o final deste mês.
O BRT-ABC esclarece que a demolição produz restos de obra (entulho), mas não produz lixo. Nessas ocasiões, a empresa instala um tapume para separar a área demolida da área habitada, na intenção de dificultar o descarte clandestino.”
O que diz a EMTU
Em nota, a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) informou que “fiscaliza e monitora as obras do BRT-ABC constantemente para manter a qualidade dos serviços e o mínimo impacto possível à população no entorno das obras”.
“A empresa concessionária é a responsável pelas desapropriações no local, onde está prevista a passagem do BRT-ABC. A limpeza da área é feita regularmente e de acordo com o andamento das desapropriações e demolições. Inclui a retirada de entulho, remanescente das obras e que serão descartados até o final de março, e do lixo comum deixado pela população. Para dificultar o descarte clandestino de lixo, a empresa instala tapumes para separar a área demolida da área habitada.
As demolições só ocorrem após a família deixar o local, conforme os acordos firmados com a empresa e iniciados no primeiro semestre do ano passado. Além disso, uma equipe de assistentes sociais do BRT-ABC mantém contato com os moradores em reuniões presenciais e por meio de grupos de WhatsApp.”
*Sob supervisão de Paula Lago

Adicionar aos favoritos o Link permanente.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  • New Page 1