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Audiovisual coreano pode servir de espelho para o Brasil

Em matéria recente divulgada pelo Folha de S.Paulo, Don Kang, vice-presidente de conteúdo da Netflix na Coreia do Sul, disse: “Entreter o mundo é um trabalho rigoroso, então não podemos descansar”.

A Coreia do Sul, após a Segunda Guerra Mundial e sua libertação do domínio japonês, adotou políticas consistentes de Estado que a tornam hoje um país para o qual se voltam os olhos do mundo. A partir da década de 1970, dobrou os seus investimentos em educação e adotou a tecnologia e inovação como norte na sua economia. Em menos de 30 anos, foi capaz de reestruturar suas  políticas audiovisuais para expansão do setor.

O conteúdo coreano já atinge 60% dos assinantes mundiais de streaming da Netflix e 75% dos assinantes brasileiros. A plataforma acaba de anunciar novos investimentos de R$ 12,4 bilhões na Coreia do Sul. No Brasil, desde 2011, a Netflix investiu menos de R$ 1,5 bilhão.

A Coreia do Sul está recebendo investimentos desse porte e se tornando um dos maiores produtores mundiais de entretenimento por conta da visão estratégica de estado e de governo. Suas políticas impulsionaram uma indústria (o que incluiu a formação de talentos, artistas, técnicos e infraestrutura) capaz de produzir conteúdos como Round 6, a série mais assistida da história da Netflix, e o filme Parasita, primeiro longa-metragem estrangeiro, não falado em inglês, a ganhar o Oscar de Melhor Filme.

A Coreia do Sul, apoiada pelos Estados Unidos, seguiu muito a cartilha daquele país, a ponto de a lei editada em 1995 ter sido chamada “Aprendendo com Hollywood”. Entendeu-se rapidamente que investir em cinema e audiovisual levaria para o mundo a sua cultura, que hoje abarca do K-Pop na música a todo esse universo de filmes e séries.

Em 2017 a Coreia do Sul investiu numa estrutura de estúdios com 32 mil metros quadrados e tecnologia de ponta construídos pelo próprio Ministério da Cultura, Esportes e Turismo na cidade de Daejeon.

Aqui no Brasil, o Plano de Ação para a Neoindustrialização 2024-2026 – Nova Indústria Brasil (NIB) lançado pelo governo federal não considerou absolutamente nada da economia da cultura e das indústrias criativas – setor, que, segundo o Observatório Itaú Cultural, representou 3,11% do PIB em 2020, percentual superior ao representado pela indústria automotiva naquele ano.

O Brasil é o segundo país que mais consome streaming no mundo. As principais plataformas mundiais se instalaram aqui por conta do enorme mercado consumidor. A Coreia do Sul, um mercado muito menor, é atraente pelo gigantesco potencial como produtor de entretenimento.

O Brasil poderia se tornar um dos cinco maiores produtores de entretenimento do mundo, mas para isso seriam necessários políticas públicas, investimentos e muito trabalho.

É preciso se espelhar na Coreia do Sul e em outros países que enxergaram no cinema e no audiovisual a oportunidade de transformar e modernizar a sua economia e melhorar o desenvolvimento humano de seu povo.

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