O estado de abandono da antiga sede da Funai (Fundação Nacional do Índio) em Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, foi questionado pelo prefeito João Rodrigues (PSD) e indígenas das aldeias Kondá e Toldo Chimbangue. No local, 11 veículos estão parados.
A estrutura, localizada na esquina entre as ruas Borges de Medeiros e São Pedro, está interditada, há cerca de 5 anos, por problemas estruturais e oferecer risco à segurança dos servidores e dos indígenas.
Nesta semana, indígenas procuraram o prefeito de Chapecó, que esteve no local para mostrar a atual situação do local. O mato alto nas redondezas e as árvores escondem o imóvel.
“Onze veículos abandonados. Isso é dinheiro do povo. A casa está caindo, vamos demolir isso aqui”, comentou o prefeito.
Segundo Rodrigues, a Aldeia Kondá ganhou, há anos atrás, uma caminhonete do consórcio Foz do Chapecó como compensação por área alagada na aldeia e o veículo foi encontrado abandonado e sem motor.
“Nós identificamos a caminhonete aqui. Havia estragado o motor, a aldeia encaminhou para a Funai fazer o motor e sumiu a caminhonete. Hoje encontramos ela aqui abandonada e sem motor em estado precário”, pontuou.
O cacique da Aldeia Kondá, Efésio Siqueira, pediu no vídeo compartilhado pelo prefeito, que a Funai atenda ao pedido dos indígenas. “Precisamos desses veículos para serem atendidas as comunidades indígenas Kondá e Chimbangue”.
A reportagem do ND+ tentou contato com o cacique Efésio, mas não obteve retorno até esta publicação. O espaço segue aberto.
Veja fotos:
Sede atual
Atualmente, a sede da Funai está instalada na rua Marechal Mascarenhas de Moraes, no bairro Parque das Palmeiras. A entidade é responsável pelo atendimento de cerca de 15 mil pessoas, distribuídas em 28 comunidades indígenas no Oeste Catarinense e Sudoeste do Paraná.
O que diz a FUNAI?
A Funai se manifestou por meio de nota oficial. No documento, considerou que o prefeito de Chapecó teria feito ataques levianos a Funai, visando somente difamar, em ano eleitoral, a instituição, que cumpre o papel de promoção dos direitos dos povos originários, prestando um serviço essencial à toda sociedade brasileira e mundial ao defender a diversidade cultural, a preservação do meio ambiente e o combate às mudanças climáticas.
“É de amplo conhecimento que a Funai enfrentou o sucateamento e o desmonte sistemático nos últimos anos, quando as ameaças à democracia brasileira colocaram em risco a segurança física e cultural dos povos indígenas, em função do descaso e do abandono pelo poder público”.
Em Chapecó a Fundação alegou que a situação não foi diferente e que desde que a sede foi interditada, em 2019, foram enviados esforços para manter um espaço com infraestrutura adequada para o atendimento dos povos originários na região.
As tratativas para a reforma passaram a ser feitas em 2023, de forma conjunta a outros órgãos do Poder Executivo federal. A nota não informou o prazo para que a reforma seja feita.
O mesmo, segundo a Funai, se aplica à frota de veículos, que passou por renovação para melhorar os serviços públicos destinados aos indígenas, inclusive estando em curso o processo de cessão de uma viatura da Funai para auxiliar o trabalho realizado pela prefeitura de Chapecó.
“Os veículos que se encontram na sede antiga não possuem condições de uso ou conserto, estando em processo de baixa e desfazimento patrimonial, conforme a legislação vigente”, informou a Funai.
A Fundação observou, ainda, que recebe com estranheza ataques desta natureza, considerando que sempre teve diálogo aberto com a prefeitura para atender aos indígenas no município.
“Seguimos dispostos para trabalhar conjuntamente com a administração municipal no cumprimento das suas obrigações institucionais com a população originária de nossa região”.
“Por fim, repudiamos a invasão das dependências de nossa instituição para a produção de conteúdo sensacionalista e leviano, com o intuito de difamar a imagem da Funai e dos povos indígenas perante a sociedade regional e nacional”, finalizou a nota.