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Mais do que arte e lazer, Festival de Curitiba abre caminhos para negócios culturais


Estímulo ao turismo e o comércio da capital e região; discussão de editais de patrocínio e a aproximação entre companhias teatrais e programadores/curadores também estiveram na pauta do evento. Mostra Lúcia Camargo – espetáculo Ana Lívia
Annelize Tozetto
Os festivais culturais desempenham um papel vital na sustentação e no crescimento das economias locais pelo mundo. Eventos que não só atraem turistas e visitantes, mas também promovem o desenvolvimento econômico em diversas frentes: no turismo e hospitalidade; crescimento da infraestrutura; estímulo ao comércio local e promoção da identidade cultural.
Essa é uma realidade no Paraná que recebe entre março e abril, anualmente, na capital do estado e arredores, o Festival de Curitiba – um dos maiores eventos do gênero, na América Latina. Durante cerca de quinze dias a cidade respira cultura nas mais diversas manifestações, tendo as artes cênicas como mote de toda a engrenagem artística que ainda apresenta performances, música, circo, gastronomia, cursos, oficinas, literatura e muito mais.
Em 2024 o Festival chegou à 32ª edição recebendo volume superior a 200 mil pessoas que, em algum momento, passaram pela programação com mais de 300 atrações, entre pagas e gratuitas, espalhadas por 50 espaços reservados para o evento tanto em Curitiba, como na região metropolitana (Araucária, Campo Largo, São José dos Pinhais, Campina Grande do Sul e Pinhais).
Sucesso de público, a edição teve mais de 90% das sessões esgotadas antes mesmo da abertura oficial. “Os números são sempre muito expressivos, isso deixa a gente muito feliz. Mas, a coisa que achei mais linda neste ano foram os longos aplausos ao final dos espetáculos”, comenta Fabíula Passini, diretora do Festival.
Mostra Lúcia Camargo – espetáculo Duetos
Lina Sumizono
Criador e também diretor do Festival, Leandro Knopfholz, atribui a boa receptividade do público ao modelo do evento, que afirma que todos os anos busca se manter atualizado, refletindo o momento social que o país vive. “Chegar a 32 edições com esse vigor, força e jovialidade, acredito que é um diferencial”, enaltece o diretor.
Ele afirma que o Festival pretende continuar relevante para a sociedade, os artistas e as instituições. “Procuramos sempre descobrir as conversas que permeiam a cidade. Para isso, buscamos entrar no cotidiano das pessoas, nos envolver com as discussões da atualidade, trazer/criar tendências”, finaliza.
Legado social e econômico
O Festival de Curitiba também se preocupa em não apenas proporcionar lazer, entretenimento e emocionar quem assiste as obras cuidadosamente selecionadas por uma curadoria especializada que atua para elevar continuamente a qualidade das obras apresentadas, encontrar referências além do eixo Rio – SP e promover das identidades culturais brasileiras, de maneira a formatar um evento de envergadura nacional.
Entretanto, para que a festa aconteça é preciso muito trabalho. Para além das coxias, nos bastidores, apenas para esta edição foram recrutados (diretamente) mais de 600 profissionais das mais diversas ocupações. Número que extrapola dois mil trabalhadores se analisadas todas as atividades relacionadas ao Festival. São artistas, produtores, comunicadores, bilheteiros, maquinistas, técnicos, iluminadores, agentes de receptivo, carregadores, maquinistas e muito mais beneficiados com a contratação e que são responsáveis por fazer tudo acontecer.
Mostra Fringe – O Folclore do Amor
Dayana Jacqueline
Guairão, Teatro da Reitoria, Bom Jesus. E também as ruínas do São Francisco, as ruas do Centro da cidade. Qualquer lugar vira palco nesse período, e o comércio e os serviços de Curitiba também são positivamente impactados com o Festival. De acordo com Fábio Aguayo, presidente da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas – Abrabar, trata-se de um dos eventos mais importantes para o setor de gastronomia e entretenimento locais, aumentando o faturamento em cerca de 30% no período.
“O Festival ganhou tanto destaque, inclusive nacional, que sua popularidade tem trazido mais pessoas para a nossa cidade, sejam da área metropolitana ou de outras regiões. O evento é tão importante porque, ademais de gerar emprego e renda, deixa mais vivo o nosso Setor fazendo com que quem venha para conhecer, tenha prazer em voltar”, destaca Aguayo.
Gislaine Queiroz, presidente do Curitiba e Região Convention & Visitors Bureau – CCVB concorda com a Abrabrar reforçando que este tipo de iniciativa já é sinônimo de tradição e de fomento ao turismo. E que beneficia diversos setores da economia.
“É um evento cultural, de renome internacional, e um marco para o teatro nacional. Então os turistas se beneficiam da programação e de tudo que nossa cidade tem a oferecer” explica Gislaine, complementando que o Setor (de turismo), por sua vez, é motivado a cada vez entregar mais e com mais qualidade. “Vamos nos aperfeiçoando e posicionando a capital do Paraná como referência em eventos e também nas áreas da hotelaria e da gastronomia”, conclui.
Novos negócios para a cultura
Pelo 2º ano consecutivo foi realizada a Rodada de Conexões, uma iniciativa em parceria com o Sebrae/PR e que promove o encontro entre curadores, programadores de salas de teatro e de festivais de todo o Brasil, companhias de teatro independentes e artistas presentes no Fringe. Durante dois dias o encontro promoveu 480 oportunidades de negócios para companhias de teatro e a projeção de faturamento de até 11 milhões de reais em novos negócios da cultura.
“O processo resultou ainda em 52% de agendamento de futuras negociações, o que evidencia que as conexões iniciadas nas Rodadas ajudam a movimentar o mercado cultural e trazem perspectivas reais de novas parcerias comerciais para as empresas do Paraná e Brasil”, destaca Márcia Giubertoni, consultora de negócios do do Sebrae/PR.
2 º dia de Rodada de Conexões
Lina Sumizono
Miguel Arcanjo, jornalista e curador da ‘SP Escola de Teatro’, instituição ligada à Secretaria de Cultura e Economia Criativa de São Paulo, foi um dos programadores convidados da Rodada. Ele conta que negociou com a companhia Alldeias, vinda de Santa Cruz de La Sierra – BO. “Foi a última Companhia com quem conversei e ficaram com os olhos brilhando quando falei que iria contratá-los para uma temporada de apresentações na capital paulista. Sensacional”, vibrou.
Caminho das pedras
De forma inédita, o Festival de Curitiba recebeu representantes do Ministério da Cultura e da Coordenação de Patrocínio Cultural da Petrobrás na mostra ‘Interlocuções’. O objetivo foi novamente apoiar o desenvolvimento da cultura brasileira e fomentar novos negócios para o setor, neste caso com a apresentação do programa Seleção Petrobras Cultural – Novos Eixos, que irá destinar R$ 250 milhões para projetos culturais de todo o Brasil por meio de quatro novos eixos temáticos: Ícones da Cultura Brasileira; Cinema e Cultura Digital, Produção e Circulação e Festivais e Festas Populares.
Todos os presentes no encontro puderam conhecer mais sobre as regras e apontamentos concebidos no edital para poderem se familiarizar com o certame e tirar dúvidas pontuais, estimulando assim a participação no Programa da Petrobrás e em mais iniciativas do setor cultural brasileiro. Por outro lado, os representantes da empresa petroleira e do Minc puderam conhecer os questionamentos e conhecer as dificuldades de quem requer patrocínio.
Henilton Menezes, sec. de Economia Criativa e Fomento Cultural do MINC
Lina Sumizono
“Não se faz política pública dentro de gabinete. A gente precisa ouvir e dialogar com a produção cultural em todos os estados, e estamos fazendo reuniões nas cinco regiões diferentes. Esse é um processo contínuo de escuta e de aperfeiçoamento dos instrumentos que temos, pois só é possível aperfeiçoar à medida que vai se identificando as demandas e, dentro da legalidade, encontrando soluções “, explica o secretário de Economia Criativa e Fomento Cultural do MINC, Henilton Menezes.
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