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Juazeiro do Norte (CE) está sem restaurante popular há mais de 5 anos

População de Juazeiro do Norte, no Cariri, sofre com a falta do restaurante popular. Estrutura pública garantia alimentação mais de 52 mil pessoas que vivem e trabalham na cidade cearense.

Redação Ceará


BRASIL – “Eu pagava R$4 no restaurante popular,  agora o que consigo comprar, às vezes, é um salgado para me manter durante o dia no trabalho”. Essa é a realidade de Lucilene Guedes, 40, trabalhadora autônoma de Juazeiro do Norte.

Assim como ela, centenas de trabalhadores juazeirenses que utilizavam o equipamento, localizado na Rua do Cruzeiro, encontram o prédio abandonado há mais de 5 anos. A decisão em mantê-lo largado às traças, perdendo sua função social de diminuir os casos de insegurança alimentar, é justificado por uma queda de braço política entre Glêdson Bezerra (Podemos), atual prefeito, e Fernando Santana (PT), deputado estadual, ambos pré-candidatos à Prefeitura da cidade.

Há cerca de 1 ano, circula nas mídias locais 2 argumentos. Segundo a Prefeitura, para a obra ser concluída é necessário que o Governo Estadual repasse o valor estabelecido em convênio firmado. Enquanto isso, o Estado, através das redes sociais de Fernando Santana, argumenta que o município apresenta pendências documentais que impossibilita a liberação do valor.

Na disputa pela narrativa de quem é a culpa, quem se mantém com fome são os trabalhadores. Sem emprego formal e com uma renda baixa, Lucilene não encontra opção. “Eu lembro que para quem era cadastrado o valor do almoço era R$2, eu pagava R$4 pois não tinha cadastro, gastava R$80 por mês almoçando lá, hoje qualquer marmita é R$12, fica mais de R$200, impossível para mim”, lamenta.

Representação das organizações e movimentos populares que lutam pela reabertura do restaurante popular que foram à prefeitura em fevereiro. Foto: JAV-CE

Após o comunicado oficial do município informando sobre o fechamento do restaurante popular, em novembro de 2019, e com a pressão da população para a reabertura, a gestão assinou, em 23 de dezembro de 2022, a ordem de serviço para reforma do equipamento.

Quase 2 anos depois do anúncio, no entanto, tudo o que a população observa é um prédio deteriorado, rodeado por mato e propenso a procriação de ratos e baratas. Para abafar a situação, a Secretaria de Desenvolvimento Social alega trabalhar cotidianamente na assistência da classe trabalhadora faminta. Em uma cidade com mais de 260 mil habitantes, e com 20% da população vivendo em situação de extrema pobreza, existem 4 cozinhas comunitárias, que distribuem 800 refeições diárias. Ou seja, o serviço ofertado está longe de colocar comida no prato dos mais de 52 mil juazeirenses que não sabem o que vão ter para comer.

A organização dos trabalhadores é vista como saída

Cansados de falsas promessas e da queda de braço entre os poderes, a solução encontrada para solucionar o problema foi a organização. Desde 2021, a Unidade Popular pelo Socialismo – UP, junto ao Movimento Juazeiro sem Fome, tem cobrado da gestão municipal e do governo do Estado uma resolução.

“Já construímos diversos atos, espaços de debates cobrando a reabertura do restaurante. Sequer fomos convidados para dialogar. Não queremos saber de quem é a culpa, queremos que as pessoas tenham o que comer, e tem recurso para isso, basta priorizarem a pauta. Quem tem fome, tem pressa!”, afirma Sued Carvalho, presidente estadual da UP.

A última ação aconteceu no dia 15 de fevereiro de 2024, quando a UP protocolou junto a Prefeitura de Juazeiro do Norte – e após manifestação –  um documento com mais de mil assinaturas, colhidas durante 1 mês, solicitando a reabertura do restaurante popular. Até o momento, sem retorno por parte da gestão. 

Enquanto os líderes políticos se preocupam em manter sua imagem limpa para as eleições, jogando a culpa de mão em mão, as mais de 52 mil pessoas, que constroem a cidade tida como ‘Do progresso, aquela que mais cresce no Ceará’, anseiam pelo seu direito básico de se alimentar.

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