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‘Só quem passa na pele sabe realmente o desespero que é’, diz pernambucana que viajou ao RS com a família e não consegue voltar por causa das enchentes


Gabrielly Isaura contou ao g1 como a viagem com o marido e o filho, de 2 anos, se transformou em pesadelo após a tragédia que deixou, ao menos, 83 mortos. Pernambucana Gabrielly Isaura viajou para o Rio Grande do Sul com o marido e o filho
Gabrielly Isaura/Acervo Pessoal
A pernambucana Gabrielly Isaura tinha acabado de chegar a Gramado, no Rio Grande do Sul, com a família quando as enchentes atingiram o estado. O que era para ser uma viagem alegre se transformou em dias de desespero, sem a certeza de quando vão conseguir voltar para casa, no Recife, após os temporais desde o dia 29 de abril causarem a morte de, ao menos, 83 pessoas.
“Quando você assiste à reportagem, você tem apenas uma ideia, mas só quem passa na pele sabe realmente o desespero que é. Fico mandando mensagem para minha família e meus amigos. Embora eu esteja desabando, tento mantê-los tranquilos”, disse Gabrielly.
Além das mortes, há, ao menos, 111 pessoas estão desaparecidas e 276 feridas. A Defesa Civil do RS registrou 141,3 mil pessoas fora de casa, 19,3 mil delas em abrigos e 121,9 mil desalojadas, que recebem abrigo nas casas de familiares ou amigos. Ao todo, 345 dos 496 municípios do Rio Grande do Sul tiveram algum tipo de problema. A tragédia afetou, ao todo, 850 mil pessoas.
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Gabrielly Isaura tem 28 anos, é guia de turismo e viajou com o marido, Sidney, de 43 anos, e com o filho Rhavi, de 2 anos, para um congresso de turismo que aconteceu em Porto Alegre no dia 24 de abril. Depois disso, eles viajaram para Gramado, na Serra Gaúcha, mas os planos foram interrompidos cinco dias depois.
“Começou a chover bastante na região serrana. Quando recebemos informações das ruas alagadas e pistas interditadas, decidirmos ir para Porto Alegre para ir embora. A gente iria ficar mais próximo do aeroporto para pegar o avião, mas foi muito pior”, conta.
Com as estradas inundadas, a viagem de Gramado até a capital do Rio Grande do Sul, que levaria pouco mais de duas horas, durou quase seis. Além de perder o voo, por causa desse atraso, a família encontrou o aeroporto de Porto Alegre lotado, pois outras pessoas também tentavam deixar o estado.
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Após terem quatro voos cancelados e a viagem remarcada para o domingo (12), eles se hospedaram num hotel no bairro dos Navegantes, nas proximidades do Aeroporto Salgado Filho, que foi fechado na sexta-feira (3). No entanto, o desespero da família só fez aumentar.
“A água começou a entrar na recepção do hotel, chegou a 1,20 metro, todos os quartos começavam a ser ocupados a partir do segundo andar, ninguém saía. Eu olhava ao redor e via tudo fechado e cheio de água”, declarou Gabrielly.
Além da falta de energia, também faltaram alimentos e água. “Eles [a administração do hotel] foram disponibilizando o que tinham. Ontem [domingo, dia 5 de maio], a gente só comeu uma pizza brotinho. Algumas pessoas entraram em contato perguntando se a gente precisava de algo, como dinheiro, só que a gente não tem como comprar comida e bebida, e o pessoal não tem como entrar aqui e não tem como sair”, disse.
Saída do hotel
Na madrugada desta segunda-feira (6), a família de Gabrielly e os outros hóspedes foram retirados do hotel pela Defesa Civil, após o órgão constatar que o prédio tem risco de entrar em colapso. Eles foram levados de barco para o abrigo Sogipa, também localizado em Porto Alegre.
A mais de 3 mil quilômetros de distância de casa, Gabrielly contou que só consegue falar com a família algumas vezes por dia, pois a falta de energia impede que o celular seja carregado com frequência.
Hotel onde Gabrielly se hospedou com a família também foi atingido pela água em Porto Alegre
Gabrielly Isaura/Acervo Pessoal
“Eu não estou bem, mas tento colocar na minha mente que a situação poderia ser pior. Eu sei que, no Recife, eu vou ter a minha casa quando eu voltar, eu vou ter meu canto para dormir e que só preciso ter paciência que vai passar. O rapaz do barco falou que a profundidade da água estava em, mais ou menos, 3 metros. Imagina aquelas casas mais humildes, moradores de rua, que só vão ter o corpo encontrado depois que a água abaixar”, disse.
Mesmo com o voo marcado para domingo (12), Gabrielly afirmou que está em busca de outras alternativas para sair do Rio Grande do Sul com antecedência. “Vimos que uma pessoa descobriu uma rodovia para sair do estado e ir para Santa Catarina. Se for o caso, a gente vai para lá, vamos tentar tudo”, declarou.
Em meio à incerteza de quando vão conseguir voltar para Pernambuco, Gabrielly relatou que se preocupa com o filho, Rhavi.
“Era a nossa primeira vez aqui. No Recife, a gente está acostumado a lidar com a subida e descida do rio, mas aqui ele subiu e não para de subir. Eu estou com uma criança pequena e meu maior medo é o que vai acontecer com ele. Ele não entende e, para ele, está tudo lindo e está até brincando. Tem horas que eu só começo a chorar de desespero, mas a gente faz de tudo para manter nosso filho”, disse.
* Estagiária sob a supervisão de Bruno Marinho, editor do g1 PE.
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