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Alunos de São Caetano do Sul denunciam discriminação em escola municipal: ‘Racismo sempre vai ser como a 1ª vez, vai doer’:

O SP1 já havia noticiado casos em outubro do ano passado, mas, segundo os alunos e as famílias, as demonstrações de preconceito continuam. Casos incluem discriminação de colegas de turma e até de professores; pais criaram o coletivo Akilomba para tentar lidar com a situação. Alunos de São Caetano do Sul denunciam racismo em escola municipal
Alunos da Escola Municipal Ângelo Raphael Pelegrino, em São Caetano do Sul, no ABC Paulista, na Região Metropolitana de São Paulo, denunciaram racismo por partes de colegas de turma e professores.
Em um dos casos, como conta o estudante Emanuel de 9 anos, a professora impediu o menino de pintar a pele de um personagem de desenho com um lápis da que se identificava.
“Ela me deu o desenho, eu pintei para representar a cor negra, e ela disse que estava errado e a cor de pele não estava certa”, conta. “Eu fiquei triste por que meu desenho tem que estar diferente dos outros? Por que tem que estar diferente por causa da cor de pele? Não fez sentido”.
A criança narra ainda que foi obrigada a refazer a pintura em um novo papel, dessa vez com um lápis de cor bege.
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Emanuel é irmão de Matheus, de 13 anos, um dos estudantes que relatou sofrer racismo na mesma escola no ano passado, também em uma reportagem do SP1.
“Eu me senti desesperado, me senti com medo, uma angustia, decepção. Racismo sempre vai ser como a primeira vez, sempre vai doer”, disse na época.
Na ocasião, a mãe dos garotos, patrícia, publicou um áudio em o mais velho pedia para ser retirado do colégio. “Não aguento mais, é muito sofrimento, to sofrendo naquela escola, não dá mais. Por favor, me tira, mãe”, dizia.
Ao Fantástico, a mãe dos garotos disse que optou por publicar o áudio para expor o que ele e os outros três filhos sofreram. Ela também comentou o sentimento que a situação gerou.
“Sensação de impunidade de abraçar meu filho e arrancar aquela dor”, disse. “Não podia tirar ele de um dia para o outro da escola, eles estudam em escola pública”.
A atitude dela resultou na criação do Coletivo Akilomba, um grupo de familiares de alunos da Escola Municipal Ângelo Raphael Pelegrino que também sofreram racismo.
“A gente nasceu a partir da dor de uma pessoa que ecoava em nós”, contou Lygia Nogueira, parte do coletivo, ao Fantástico. “A gente se organizou para tentar acolher as demandas de baixa autoestima, nas dores que doíam nas crianças, a partir disso a gente decidiu que nenhuma mãe mais ia ver o que tinha acontecido na escola sozinha”.
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Outro caso relatado na mesma escola envolve o estudante Luiggi, de 11 anos, filho de Mayara. Ela conta que seu filho ouviu frases como: “você é um macaco”, “você é preto e não deveria estar aqui”.
Quando questionada sobre os casos de racismo, a escola, segundo os familiares, sempre dá a mesma resposta dizendo que tem programas contra racismo.
Como mostrado pelo SP1 no ano passado, a Secretaria de Educação do Estado (SES) monitora os casos de diferentes tipos de discriminação. No primeiro semestre de 2023, as denúncias chegaram a 3.330. O mesmo período de 2022 somou 2.489 denúncias. Na pandemia, os números despencaram para 240 denúncias e apenas 1 denúncia em 2020.
Segundo Iracema do Nascimento, professora da Faculdade de Educação da USP, casos como os relatados geram desinteresse da criança pelos estudos e destaca a importância das ações que combatem o racismo. “A criança, o jovem, e a família, perceber que a escola que está tomando medidas reais, autênticas e efetivas contra o racismo serve, pelo menos. como um dispositivo de compensação”, afirma. “O sentimento de “a justiça está sendo feita, eu fui ouvida, alguma coisa está sendo feita, e a escola está seriamente lidando com isso”, isso pode suavizar os traumas”.
A Prefeitura de São Caetano do Sul disse, em nota, que “reitera seu compromisso inabalável de não compactuar com qualquer forma de racismo ou preconceito na comunidade educativa” que “vem desenvolvendo ações antirracistas na cidade e na rede municipal” e, ainda, que “toda vez que uma família é vítima de racismo, a pasta acolhe o estudante e seus pais”. Por fim, a pasta afirma que “foi criado um grupo de formação dos professores e que palestras são feitas com educadores e pais de alunos sobre o diretor das crianças em casos como esses”.
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