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Chuva leva casas e memórias em todo o estado do Rio Grande do Sul


Na tentativa de reencontrar parentes e amigos que ficaram para trás, desabrigados contam com a ajuda de profissionais da saúde e assistência social. Chuva leva casas e memórias em todo o estado do Rio Grande do Sul
Jornal Nacional/Reprodução
Em todo o estado do Rio Grande do Sul, a chuva levou casas e memórias.
O borracheiro Walter Macedo Fagundes voltou em segurança para os filhos depois de três dias no telhado.
“Coisa muito boa o pessoal do resgate. Parabéns para eles, eu agradeço. E é isso aí, gente, vamos se unir porque a coisa está feia. E eu consegui sobreviver, do jeito que estou, do jeito que dá, consegui”, diz ele.
A cuidadora Adriana Menegassi tenta reconhecer a casa nos escombros. Quinze anos de trabalho levados pela enchente.
“Trabalho dia e noite, sábados, domingos, feriados. Doente ou sã sempre trabalhando. Lágrimas já terminaram. A gente só tem dor no peito, muita canseira no corpo de sentimentos, sofrimento, angústia”, lamenta ela.
A perda não é só material. Com a correnteza também se foi a história dessas famílias.
“E aí todo mundo diz: ‘Ah, vocês vão ganhar’. A gente vai ganhar, mas não são nossas coisas. Terminou tudo que nós tínhamos. Foto, roupas, móveis, nada a gente tem mais. Os brinquedos do meu filho, eu consegui achar quatro brinquedos, de tanto brinquedo que ele tinha”, relata a empregada doméstica Tatieli Bertotti.
Comunidades arrasadas tentam assimilar o que aconteceu.
“A gente tem que agradecer que a gente tem vida, mas foi muito difícil. Perdemos familiares. O avô da minha esposa não conseguiu resistir. Infelizmente, morreu afogado”, conta o empresário Ismael Fonseca.
Abraços que colocam fim a horas de angústia, à espera de respostas.
“Veio ontem à noite a luz lá em casa. Daí eu tentava ligar para eles saber notícia e não conseguia”, conta a dona de casa Ivania Terezinha de Vargas.
200 mil pessoas tiveram que sair de casa e as enchentes atingiram de alguma forma mais de 1 milhão. Em um abrigo de Porto Alegre, a recicladora Cinara da Luz Salles também sente o alívio de estar junto da família. Mas não para de pensar em tudo que deixou para trás.
“Bem complicado, né? A gente nem, tipo assim, eu estou com o meu cérebro gelado, porque eu não sei o que eu pensar, o que eu vou fazer, só o tempo, porque às vezes dá a impressão que aquilo dali nunca mais vai abaixar”, diz ela.
Imagens de satélite mostram antes e depois de maior enchente da história no Rio Grande do Sul
Quando a água começou a subir no bairro Navegantes, o autônomo Maick Soares Moreira e o ajudante de entregas Michel Ponciano usaram um colchão para salvar os vizinhos.
“Aquele colchão minha esposa tinha trazido da reciclagem. E eu me lembrava que estava lá aquele colchão. A gente pensou primeiro em mandar as crianças e as mulheres. Foi a primeira coisa que a gente foi. Até que foi pouca gente, foram 15 famílias só”, relata Michel.
“A hora que a gente viu que não dava mais, a gente teve que sair para se salvar também”, acrescenta Maick.
As mulheres deles, a Cristina e a Andriele, esperavam aflitas no abrigo.
“Nós também ficamos em choque tentando ligar, não conseguia falar com ninguém, estava tudo sem luz. Não tinha com ninguém para entrar em contato para avisar se eles estavam bem, mas a gente estava com a consciência que eles estavam lá e que eles iam vim encontrar nós, que eles estavam resgatando as vidas”, diz uma delas.
Com a família reunida, mesmo no improviso, a festinha de aniversário da filha, de 5 anos, trouxe um pouco de alívio.
“Graças a Deus estamos bem, é o que importa. E estamos aí, vamos lutar para conquistar tudo de volta”, afirma Maick.
Na tentativa de reencontrar parentes e amigos que ficaram para trás, os desabrigados contam com o apoio fundamental de profissionais da área da saúde e da assistência social. Um trabalho voluntário que tem sido fundamental para amenizar o sofrimento.
“A principal procura é pelos familiares que ficaram. Os familiares que, em um primeiro momento, não quiseram ser resgatados, porque não queriam deixar sua casa, seus animais, os seus bens, enfim, com medo de perder o que tinham. E a gente tem feito esse trabalho, então, de tentar encontrar as pessoas”, conta a assistente social Jéssica Flores Mizoguchi.
São sentimentos de perda que envolvem todo o estado, mas que não tiram dos gaúchos a esperança.
“Vai melhorar o mundo. Mas quando a água descer”, diz Valentina Souza, de 4 anos.
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