• New Page 1

    RSSFacebookYouTubeInstagramTwitterYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTubeYouTube  

Cidade de SP deixou de ser ‘terra da garoa’ para se tornar ‘cidade das tempestades’


‘A cidade ficou mto quente, então ela não permite que o vapor de água se condense e forme aquelas gotículas da garoa’, explica o climatologista Carlos Nobre. Chuvas de grande porte estão cada vez mais frequentes na Grande SP
Reprodução/TV Globo
Sai de cena a “terra da garoa”, entra a “cidade das tempestades”. Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) comprovam que o antigo apelido da cidade de São Paulo está antiquado. A frequência de dias com extremos de chuva, na capital só tem aumentado:
De 1960 a 1990, foram 108 dias com chuva acima de 50 mm; 13 dias com mais de 80 mm; somente três com mais de 100 mm;
De 1991 a 2020, foram registrados 152 dias com chuva acima de 50 mm; 34 com mais de 80 mm; 11 com 100 mm ou mais.
Em 2007, o climatologista Carlos Nobre antecipou essa condição ao Jornal Nacional: “Nós devemos esperar cada vez mais tempestades mais severas, secas mais intensas, vendavais, o clima vai ficando extremo com o passar do tempo”.
LEIA TAMBÉM:
‘Que tempo é esse?’: entenda o dilema de moradores da Grande SP com a falta de água e temporais frequentes
Temperatura subiu 2°C na cidade de SP desde 1935, diz USP; dias de calorão se tornaram mais frequentes
Só 35% dos municípios de SP dizem estar preparados para enfrentar eventos climáticos extremos
Neste ano, à equipe da série “Que tempo é esse?”, que aborda o impacto das mudanças climáticas na região metropolitana de São Paulo, ele diz que preferia ter errado. Também segundo Nobre, a ciência ela não previu o que aconteceu em 2023 e está acontecendo em 2024.
“A ciência vinha dizendo que essa temperatura perto de 1,5°C mais quente em 2023, comparado com 1850, 1900, se falava que podia se atingir pela primeira vez lá por 2029, 2030.”
“Quando você tem essa ilha urbana de calor, a onda de calor fica muito mais forte. Quando você tem uma onda de calor de grande escala por conta das mudanças climáticas, na cidade de São Paulo ela é mais forte ainda”, afirmou o climatologista.
“E quando tem tempestades, elas se tornam muito mais intensas porque você tem aqui em cima um calor muito forte. Esse calor da cidade de São Paulo, como nós sabemos muito bem, infelizmente, destruiu aquela famosa ‘terra da garoa’.”
“Eu nasci aqui nesta cidade em 1951”, diz Nobre. “Quando eu era criança, era garoa 200 dias por ano. Às 15h tinha garoa. Não existe mais. Isso é porque a cidade ficou muito quente, então ela não permite que o vapor de água se condense e forme aquelas gotículas da garoa.”
Segundo ele, há 80 anos, dificilmente a cidade registrava, no período de um ano, chuvas de mais 100 milímetros em 24 horas. “Agora nós temos quase que anualmente [chuvas] acima de 80 mm, e em muitos anos passa de 100 mm. Essa chuva intensa, numa cidade como São Paulo, não tem como penetrar no solo. Tem muito pouco solo [permeável]. Então ela corre e provoca inundações, enxurradas, isso tudo que está acontecendo.”
A solução, segundo o especialista, está na restauração da floresta urbana. “Assim a gente abaixa a temperatura. Se você for a um lugar que ainda tem floresta, como o Zoológico, você compara às 14h do verão: a temperatura lá no Zoológico e a temperatura a 2 km do Zoo, no meio de estradas e avenidas. Terá uma diferença de temperatura de 5°C a 8°C. Quando a gente restaura a vegetação urbana em grande escala, melhora o clima. Isso é obrigatório”, afirma.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.
 
 
  • New Page 1