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S&P: Com 6 meses de governo, Haddad coleciona vitória e se fortalece à frente da Fazenda


Até aqui, o ministro da Fazenda tem mostrado que a pasta está alheia à crise na articulação política do governo. Mais do que isso: Haddad virou um dos principais interlocutores do governo com o Congresso. Fernando Haddad vem se firmando como homem forte no Ministério da Fazenda, colecionando vitórias e ampliando interlocuções nesses primeiros seis meses de governo. Nesta quarta-feira (14), com a notícia de que a S&P Global Ratings elevou a perspectiva do Brasil, Haddad adotou tom humilde e pé no chão – mas o ministério estava em festa. Pudera. 
“Passo importante. Depois de 4 anos, ter uma sinalização dessas. Gostaria de compartilhar com Congresso e o Judiciário. As iniciativas que estão sendo tomadas na direção correta de arrumar contas do Brasil e permitir que a gente possa avançar com geração de emprego”, afirmou o ministro nesta quarta-feira (14).
Tratado por muitos – do mercado ao Congresso, incluindo o PT – com desconfiança quando surgiu indicado para a Fazenda, Haddad vem provando que não só é político raiz, negociando com quem tiver que negociar se for para aprovar a agenda econômica – de Arthur Lira (PP-AL) a Tereza Cristina, de Ciro Nogueira a Gleisi Hoffmann –, como também conquistou o mercado, banqueiros e empresários, para irritação de parte do PT.
Haddad comemora notícia de que a S&P Global Ratings elevou a perspectiva do Brasil nesta quarta-feira
Reprodução/GloboNews
Haddad precisou (e precisa) driblar o fogo amigo do próprio partido e também contemporizar brigas e confusões causadas não pela oposição, mas pelo próprio governo. Por exemplo, a personalizada pelo presidente Lula na figura de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC). Lula criou um climão para o ministro quando chamou para a briga “só” o responsável pela autoridade monetária do país.
Haddad, que parece pagar para não entrar numa briga, contornou a confusão à sua maneira: morde e assopra. Fechou, obviamente, com Lula nas críticas aos juros, mas não implodiu pontes com Campos Neto.
Em parceria com seu fiel escudeiro, Gabriel Galípolo, manteve a interlocução com o presidente do BC e, de quebra, ainda enviou para o órgão o secretário-executivo que, se tudo correr como planejado por Haddad, vai assumir o BC na saída de Campos Neto. Ou seja, já iniciou uma transição pacífica com o inimigo do presidente, seu chefe.
Para Lula, Campos Neto e Lira são uma espécie de herança do bolsonarismo na política e economia. Haddad sabe disso – mas sabe também que precisa ampliar sua agenda de relacionamento para aprovar sua agenda, a econômica, e seguir conquistando territórios.
Político, Haddad sempre atuou nos bastidores com habilidade nas articulações, como na negociação da chapa Lula-Alckmin e na reaproximação de Marina Silva com Lula, em 2022, mas era tratado com desdém pelo Congresso, considerado alguém sem jogo de cintura e podendo até ampliar crises políticas com o parlamento se virasse ministro. 
Mas o ministro, tal qual se estivesse em um jogo de “War”, até aqui, tem mostrado que, no que tange à Fazenda, a pasta está alheia à crise na articulação política do governo. Mais do que isso: virou um dos principais interlocutores do governo com Congresso e um polo de resistência dos políticos que criticam o Planalto. Há parlamentares, inclusive, deixando claro que preferem dialogar com a equipe econômica do que com o Planalto. 
Lira, por exemplo, chegou a sugerir a Lula deslocar Haddad para a Casa Civil e Galípolo para a Fazenda. Lula, claro, rejeitou: disse que os dois estão bem onde estão.
Embora o governo e o PT rejeitem antecipar publicamente 2026, a sucessão presidencial é o pano de fundo de todas as decisões e resultados, sejam positivos ou negativos, de uma gestão. E Lula gosta de deixar a questão presidencial em aberto, para poder decidir sobre o melhor sucessor – se não for o próprio.
Nesse contexto, se fizesse essas trocas hoje, Lula entregaria o coração do governo para o grupo de Haddad – e não seria tão interessante assim elevar esse grau de investimento de um possível pré-candidato à sucessão em 2026, com tanto tempo de antecedência e uma disputa de bastidor em aberto.
Haddad, aliás, nunca foi o plano A de Lula – nem para candidatura em 2018 à presidência, tampouco para a Fazenda. Foi Haddad quem pediu a missão. E, até aqui, é possível dizer que a instituição ministério da Fazenda está funcionando sob comando dele.

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