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Parados na BR-101, caminhoneiros e viajantes temem pela segurança na Grande Florianópolis

Os bloqueios nos dois sentidos da BR-101, desde o fim de semana, prendem caminhoneiros e famílias, há pelo menos dois dias, em filas quilométricas. Nesse cenário, eles têm uma série de preocupações. Além da falta de banheiro, temem pelas próprias vidas, correndo risco de serem assaltados, ou que pessoas mal-intencionadas causem algum dano aos bens e às cargas, no caso dos caminhoneiros.

Bloqueios nos dois sentidos da BR-101 prendem caminhoneiros e famílias em filas quilométricas – Foto: Leo Munhoz/ND

Embora o Poder Público, civis e empresas ajudem em alguma medida, as doações não alcançam todos, afinal, a rodovia tem filas quilométricas e milhares de pessoas trancadas. Isso sem falar naqueles que transportam cargas perecíveis e não podem ficar tantos dias parados e sem perspectiva de retomar a viagem.

Parado num congestionamento no quilômetro 213 da BR-101, o caminhoneiro Altemir Agostini, 38 anos, de Roca Sales, interior do Rio Grande do Sul, tem diesel para manter a carga em boas condições até amanhã, quando terá que adotar alguma medida, caso continue no engarrafamento.

Ele saiu de Perdizes (MG) e vai para Pelotas (RS), onde deixará a carga numa distribuidora. Há cinco anos na profissão, lembra de ficar parado na estrada, no máximo, por um dia.

“É preocupante, porque a minha carga é perecível. Batata congelada, pré-cozida, dura quatro dias no máximo. Estou com o motor ligado para não perder”, disse Agostini. Além da carga, o caminhoneiro está preocupado com a falta de banheiro e alimentação para colegas na rodovia.

Caminhoneiro Altemir Agotini saiu de Perdizes (MG) e vai para Pelotas (RS) e está preocupado com a carga, que é perecível – Foto: Leo Munhoz/ND

“Estamos largados. Eu tenho geladeira, cozinha, água, tudo. Mas para quem não tem, é complicado. Hoje fiz comida para três, à noite, se der uma estiada, vou fazer para mais gente. Na estrada, uma mão lava outra”, comenta Agostini. Ele também pediu agilidade na resolução dos problemas e uma rota alternativa à BR-101, porque a existente leva cerca de 500 quilômetros a mais.

O caminhoneiro Paulo Sergio Lopes, 57 anos, tem mais de três décadas de experiência na estrada. Ele estava conversando, fora do caminhão, com os amigos Ademir Pinhata e Joelson Ribeiro num acampamento improvisado entre os veículos para fazer o tempo correr.

Na segunda (15) à tarde, estava preocupado com a segurança, em especial porque sabia que passaria a noite parado na estrada. “Estamos correndo risco, pode aparecer gente querendo perturbar, assaltar, pedir dinheiro e coagir. Estamos jogados aqui, sem banheiro. Nos juntamos e estamos fazendo comida na cozinha do caminhão”, explica Lopes.

De acordo com o trio, a única doação foram garrafas d’água, entregues por funcionários da Arteris. Ele também criticou a falta de prevenção na rodovia. “Tem os pontos críticos, será que não têm engenharia para prever as coisas e fazer a manutenção adequada? Deixam acontecer e ficamos aqui jogados”, reclama.

“Estou no caminhão, mas e as pessoas na fila com carro pequeno sem água, sem alimentação, sem nada?”, questiona.

Secretaria da Proteção e Defesa Civil, com apoio dos Bombeiros e da PRF, distribuíram alimentos de rápido consumo para as pessoas que estão presas no bloqueio da BR-101 – Foto: PRF/Divulgação/ND

Solidariedade na BR-101

A solidariedade é essencial e ela parte de todos os lados: poder público, civis e iniciativa privada. Na tarde de ontem, a Secretaria da Proteção e Defesa Civil de Santa Catarina, com apoio do Corpo de Bombeiros e PRF (Polícia Rodoviária Federal), passaram a fornecer água e alimento para os motoristas prejudicados pela queda da barreira da BR-101, na altura do Morro dos Cavalos.

A solidariedade também foi a escolha de quem mora ou tem empresa às margens da rodovia, seja fornecendo água e comida, seja abrindo as portas de casa e dos estabelecimentos para oferecer banheiro e até banho para quem está passando por verdadeiros apuros na estrada.

Diretor de Gestão de Desastres da Defesa Civil, o coronel Renaldo Laureano recomendou que os motoristas com opção de utilizar uma rota alternativa o façam: “É importante evitar permanecer parado, especialmente em trechos próximos ao Morro dos Cavalos, onde não há disponibilidade de serviços, como alimentação e instalações sanitárias adequadas”, enfatiza Laureano.

Para tentar reduzir as principais preocupações de quem está no trânsito, a prefeitura e a Arteris Litoral Sul, empresa que administra a BR-101, disponibilizaram, cada uma, dez banheiros químicos às margens da rodovia.

A medida alcança em especial quem está nas regiões da Pinheira e Praia de Fora, onde os motoristas estão parados há mais tempo. Além disso, a prefeitura ofereceu transporte para quem deseja ir até um ginásio de esportes tomar banho.

Frentista há oito meses num posto de combustíveis às margens da BR-101, Samuel Silva de Souza, 41 anos, conta que nunca viu nada parecido com o congestionamento de horas na BR-101. “Devido ao trancamento, as pessoas têm as necessidades básicas e correm para cá atrás do banheiro, de água”, descreve o trabalhador.

“Tem que ajudar. A maioria dos clientes chegam querendo ir para Porto Alegre e pedem informações, porque não sabem uma rota alternativa e também passo informação, da via alternativa pela 282”, comenta Souza. Segundo ele, o fluxo começou no domingo (14) e a rotina do posto está diferente, com menos movimento nas bombas, porém, muita gente pedindo e recebendo ajuda.

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