A justiça internacional testemunhou um fato sem precedentes de reextradição. O caso aconteceu com o ucraniano Yurii Tetera que, após ser extraditado para a Argentina por acusações de contrabando agravado, encontrou refúgio no Brasil. O caso marca o primeiro deste tipo entre Argentina e Brasil
O advogado Wilian Knoner Campos, especialista em direito internacional, que fez a defesa do ucraniano, Yurii mudou-se para Florianópolis, em agosto de 2016, casou e tem um filho brasileiro, hoje com cinco anos.
Em 2011, Yurii foi preso por suposto envolvimento com tráfico internacional. A prisão ocorreu no aeroporto internacional de Buenos Aires quando em associação criminosa com dois russos, tentaram remeter 60 cápsulas de cocaína dentro do corpo com destino à cidade de São Petersburgo, na Rússia.
Yurii cumpriu dois anos de prisão na penitenciária de Florianópolis, foi extraditado para Argentina, em setembro de 2023, e cumpriu pena de seis meses no país vizinho. O ucraniano contratou o escritório de Wilian quando o processo de extradição já havia sido assinado pelos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
“Entrei com habeas corpus para soltura por excesso de prazo, já que havia cumprido a pena de dois, mas, mesmo assim, acabou sendo extraditado para a Argentina”, contou Wilian.
Yurii foi solto e com reextradição para Florianópolis, em março deste ano, onde está morando com a família.
A juíza Marília Barbosa de Mattos, do Poder Judicial de La Nación, levou em conta o pedido de refúgio o “estado de guerra” na Ucrânia, bem como os interesses da criança, da convenção dos direitos humanos, e tratados internacionais de extradição entre Brasil e Argentina.