O presidente da Câmara anunciou aos líderes partidários medidas que agradam a oposição, atingem o governo e o STF e podem ajudar na eleição do sucessor escolhido por Lira
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tomou uma série de medidas nesta terça-feira (16) e fez outros movimentos nos bastidores para emparedar o governo federal, mandar recado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e agradar a oposição a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na tentativa de fazer o seu sucessor. Ele apoia o deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA) na corrida pelo comando da Casa.
Lira anunciou as medidas em reunião com líderes partidários nesta terça-feira (17). Entre outras coisas, comunicou que vai autorizar a abertura de 5 Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) simultâneas, todas com potencial de atingir o governo. Como 5 é o número máximo permitido pelo regimento e há 8 pedidos de CPIs, ele buscará entendimento com as lideranças para decidir quais vão funcionar.
Confira abaixo os pedidos de CPI protocolados na Câmara:
- Sobre o aumento do uso de crack no país.
- Sobre denúncias do crime organizado e sua relação com o crescimento do número de homicídios e atos de violência em todo o Brasil.
- Sobre as denúncias de exploração sexual infantil na Ilha do Marajó, no estado do Pará.
- Sobre a renovação do contrato de fornecimento de energia das empresas Âmbar Energia e a Karpowership no Brasil, ou seja, a compra de energia da Venezuela.
- Sobre a violação de preceitos legais por concessionárias de distribuição de energia elétrica, para indeferir pedidos de conexão de Micro e Minigeração Distribuída (MMGD).
- Sobre suposta violação de direitos e garantias fundamentais, a prática de condutas arbitrárias sem a observância do devido processo legal, por membros do TSE e do STF.
- Sobre a violação de preceitos legais por concessionárias de distribuição de energia elétrica, para indeferir pedidos de conexão de Micro e Minigeração Distribuída (MMGD).
- Sobre os casos de cancelamento unilateral, falta de repasse e outras irregularidades das empresas de vendas de passagens promocionais, hospedagens e serviços similares.
Demissão de primo de Lira acentuou o racha
O episódio que azedou de vez a relação entre Lira e o governo foi a demissão de Wilson César de Lira Santos, primo do presidente da Câmara, do comando da superintendência regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Alagoas. A queda ocorreu após pressões do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a ameaça de uma nova invasão ao prédio do órgão no estado, como ocorreu no ano passado.
Lira, que soube da demissão pelo Diário Oficial, telefonou para o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e exigiu indicar outra pessoa de sua confiança para o mesmo cargo. O presidente da Câmara alegou que isso fazia parte de um acordo com o Palácio do Planalto.