Haiti: Médicos Sem Fronteiras é forçada a fechar hospital de emergência devido ao aumento da violência na área central de Porto Príncipe

A falta de garantias de segurança para pacientes e equipe médica levou à decisão, que foi tomada após meses de intensos confrontos armados na região

A organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) foi forçada a fechar permanentemente o Centro de Emergência em Turgeau, devido à crescente insegurança na região central de Porto Príncipe. A unidade de saúde já havia suspendido temporariamente os atendimentos em março de 2025, após um ataque a um comboio da organização.

“Há semanas, a área central de Porto Príncipe tem vivenciado uma onda de violência armada regular. Se as atividades médicas fossem retomadas neste hospital, elas seriam severamente comprometidas pelo nível de risco para nossos pacientes e profissionais de saúde. O prédio está localizado perto da linha de frente dos confrontos e já foi atingido diversas vezes por balas perdidas, o que torna a retomada das atividades muito perigosa”, relata Jean-Marc Biquet, coordenador-geral de MSF no Haiti.

Em março de 2025, as atividades no Centro Emergência de Turgeau tiveram que ser suspensas temporariamente após um grave incidente de segurança que colocou em risco a vida dos profissionais da organização. Desde a interrupção, uma série de avaliações técnicas de proteção balística foram realizadas para identificar soluções, mas nenhuma opção foi capaz de garantir um nível de segurança necessário para continuar nossas atividades.

“MSF lamenta profundamente essa difícil decisão, que foi tomada como último recurso. O fechamento terá um impacto significativo no acesso à saúde para uma população já gravemente afetada pela violência, instabilidade e condições de vida cada vez mais precárias”, reforça Biquet.

“No entanto, continuamos totalmente comprometidos e trabalhando ativamente em alternativas para manter nosso apoio médico em Porto Príncipe e Carrefour com os serviços de saúde atuais de MSF e ver se outras alternativas podem ser consideradas”, concluiu Biquet.

Antes de retomar as atividades médicas no centro de Porto Príncipe e em Carrefour, MSF aguarda a assinatura de um acordo que estabelecerá a abertura de um corredor humanitário entre as duas cidades. Esta etapa é crucial e pré-requisito para o retorno das atividades que estão suspensas desde março de 2025.

MSF lamenta essa situação e pede a todas as partes em conflito que respeitem o trabalho humanitário e médico. A ação médica deve ocorrer em total neutralidade, em uma zona protegida da violência, a fim de continuar respondendo às necessidades urgentes das populações em situação de vulnerabilidade.

Equipes de MSF continuam fornecendo cuidados médicos na capital Porto Príncipe por meio do hospital Tabarre, do centro de emergência de Cité Soleil, da clínica Pran Men’m, do atendimento de saúde primária em Delmas 4; Bel Air; Bas Bel Air/La Saline e, da maternidade Isaïe Jeanty em parceria com o Ministério da Saúde e apoio da população.

Notas para o editor:

  • Criado em 2006 em Martissant e depois transferido para Turgeau em 2021 por razões de segurança, o Centro de Emergência e Referência de MSF – que emprega 206 pessoas – está fechando suas portas permanentemente após seis meses de operações suspensas devido ao agravamento dos riscos de segurança. De 2021 a março de 2025, o centro de emergência de Turgeau tratou mais de 100 mil pacientes de todas as idades, demonstrando seu papel vital em ajudar as populações vulneráveis da capital.
  • Em 15 de março de 2025, um comboio de veículos de Médicos Sem Fronteiras foi alvejado. Em 11 de novembro de 2024, uma ambulância de MSF foi sequestrada, e a equipe ameaçada. Os pacientes que estavam dentro do veículo foram executados. Em 12 de dezembro de 2023, um paciente foi removido à força de uma ambulância de MSF e executado a poucos metros do Centro de Emergência de Turgeau.
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