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Manobras de Fachin e Toffoli no STF preparam terreno para Lula indicar Zanin

O advogado Cristiano Zanin e o presidente Lula

O advogado Cristiano Zanin e o presidente Lula Ricardo Stuckert/Divulgação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não oficializou a indicação do advogado Cristiano Zanin Martins para a vaga de Ricardo Lewandowski no Supremo Tribunal Federal (STF), mas os ministros já têm se movimentado para pavimentar o caminho da provável escolha.

A manobra executada nesta terça-feira por Edson Fachinque decidiu enviar a reclamação da Vaza-Jato para o colega Dias Toffoli, fazendo uma interpretação distorcida do regimento da corte, foi o último lance de uma sequência que visa diminuir a preocupação da classe política com um possível impedimento de Zanin para julgar os casos da Operação Lava-Jato.

No final de abril, Toffoli decidiu mudar da Primeira Turma do STF para a vaga que Lewandowski deixou aberta na Segunda Turma, colegiado responsável por julgar casos da Lava-Jato.

Com essa movimentação, Toffoli fez com que o advogado pessoal de Lula, caso seja indicado, vá para a Primeira Turma, onde se abriu uma vaga, e não pare no colegiado da Lava-Jato.

Essa migração ajuda Zanin porque um dos principais problemas apontados por seus adversários na briga pela vaga no STF – e também por dezenas de políticos pendurados em ações da Lava-Jato – é que sua atuação a favor de Lula o colocaria automaticamente impedido de julgar seus casos.

Até agora, 62 pedidos de extensão já foram apresentados por investigados interessados em obter no Supremo o mesmo benefício já conseguido por Lula, muitos deles por políticos enrolados na Lava-Jato.

Edson Fachin foi designado pela presidente do STF, Rosa Weber, para cuidar interinamente do caso, conforme manda o regimento da Corte. Quando o novo ministro assumisse a vaga, herdaria o acervo de Lewandowski e receberia de vez o caso

Só que Fachin decidiu descumprir a ordem de Rosa Weber – e o regimento da Corte – e preferiu enviar a ação diretamente a Toffoli.

Em seu despacho, Fachin argumentou que, como Toffoli assumiu a vaga na Segunda Turma, deveria assumir essa ação.

Só que o regimento do Supremo diz claramente que os casos de um ministro que se aposenta devem ir para aquele que assume sua vaga. Toffoli não foi nomeado para a vaga de Lewandowski, apenas trocou de turma.

Assim, Fachin se eximiu de cuidar do caso e ajudou a blindar Zanin de futuros impedimentos, já que ele teria que se declarar impedido de julgar uma ação que ele mesmo apresentou à Suprema Corte em agosto de 2020.

De quebra, produziu uma boia de salvamento para dezenas de políticos, uma vez que, a ação da Vaza-Jato poderia ser redistribuída para ministros menos condescendentes com a classe política do que Toffoli, como o próprio Fachin ou André Mendonça, que enfrentou dura resistência do Centrão ao ser indicado para o STF.

A decisão de Fachin também deu a Toffoli a oportunidade de prestar um serviço ao presidente da República, decidindo por Zanin em processos que ele não poderia atuar.

O caso da Vaza-Jato, que veio à tona com a Operação Spoofing, é emblemático porque marcou o declínio da Lava-Jato, com a divulgação de diálogos obtidos após a invasão de celulares de autoridades, como o ex-juiz federal Sergio Moro e o ex-procurador Deltan Dallagnol, então coordenador da força-tarefa da operação em Curitiba.

No bojo da Spoofing, Lewandowski trancou ações penais contra Lula, Geraldo Alckmin, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), o deputado Pedro Paulo Teixeira (PSD-RJ), o ex-ministro Paulo Bernardo e uma série de outros políticos, por entender que as provas entregues pela Odebrecht não teriam valor legal para mover as acusações.

As manobras de Toffoli e Fachin demonstram que o Supremo decidiu facilitar a vida de Lula, dos políticos e do próprio Zanin afastando eventuais impedimentos, antes mesmo que o presidente da República formalize a sua escolha para a Corte.

Os ministros do Supremo costumam dizer que são chamados para intervir só em último caso, mas quando se tratou de Zanin é como se uma ala do tribunal tivesse agido preventivamente, atuando como bombeiros de um incêndio que ainda nem aconteceu.

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