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‘Aprendi a cuidar de mim’: mãe de SC conta como mudou rotina depois que a filha saiu de casa

A ideia de deixar a filha sair de casa aos 17 anos era angustiante para a empresária Marlene Backes, de 56 anos, moradora de Piratuba, no Oeste catarinense. “Ficava pensando se ela tinha chegado em casa, se tinha comido, se estava triste ou feliz. A cada toque de telefone pensava que era ela”, lembra.

A empresária Marlene Backes, de 56 anos, conta como passou a cuidar mais de si mesma quando a filha saiu de casa – Foto: Arquivo pessoal/Divulgação/ND

Mas conforme os meses foram passando, Marlene, que também deixou a casa dos pais aos 15, no Rio Grande do Sul, entendeu que a filha iria buscar seus sonhos em Florianópolis. Assim, a gaúcha passou a construir uma rotina só dela.

“Comecei a cuidar mais de mim. Antes de a Pâmela sair eu não fazia essas coisas, então agora eu faço pilates, massagem, academia.” O que Marlene fez foi essencial para que ela não caísse no fenômeno “Síndrome do Ninho Vazio”, que acontece quandos os filhos saem de casa.

A psicóloga Flora Evangelista Rigon explica que, muitas vezes, as mães podem desenvolver até um quadro de depressão, por exemplo, dependendo de como enxergam a maternidade.

“A pessoa acaba se distanciando dela mesmo, das coisas que ela precisa, das suas preferências, das suas necessidades e projetando muito a vida só em função do maternar, do que o filho precisa. E quando o filho sai de casa, é como se a mãe não soubesse mais quem ela é”, detalha Flora.

A empresária diz que quando a filha finalmente se mudou, “a tristeza bateu na alma, mas eu pensava que era pelo bem dela”.

Um estudo da psicóloga Adriana Sartori, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, identificou que a Síndrome do Ninho Vazio costuma acontecer em culturas onde a mulher é a principal influência familiar e dedica a vida a criar os filhos.

Mesmo assim, os dados apontam que mesmo as mães que trabalham fora de casa podem desenvolver a síndrome, porque o que está em jogo é o vínculo de dependência e responsabilidade criado no desenvolvimento das crianças.

Ainda mais próximas

A distância física não foi um empecilho para a intimidade das duas, pelo contrário: fazem chamada de vídeo todos os dias e ficaram mais próximas.

Marlene Backes e a filha, Pâmela, em uma cafeteria de Florianópolis – Foto: Arquivo pessoal/Divulgação/ND

A filha, a jornalista Pâmela Schreiner, conta que a distância deixou a relação — que sempre foi boa —  ainda mais harmônica. “Como estamos longe, sobra menos tempo para brigar, né? Quando estou com ela, só quero aproveitar muito.”

No fim de abril, Marlene a visitou em Florianópolis e passaram bons momentos em uma cafeteria. “Café não falta quando estamos juntas. É uma coisa que ela passou para mim. Amamos café e principalmente descobrir locais novos juntas”, conta Pâmela.

Orgulhosa, Marlene diz que a filha se tornou melhor do que esperava, porque ela “sabe cozinhar muito bem, faz todos os serviços domésticos, estudiosa e dedicada em tudo o que faz. Sou muito feliz como mãe”.

Pâmela conta que hoje entende melhor a mãe, porque Marlene também saiu de casa muito cedo. “Então, cobranças do tipo ‘você não sabe fazer coisas básicas, quando morar sozinha vai cair a ficha’, depois fizeram muito sentido”, aponta.

Além da maternidade

A mudança de Pâmela foi um impulso para Marlene, que passou a usar aplicativo de mensagens, a viajar para a Capital e a cuidar mais de si.

A psicóloga Flora Rigon explica que, com a saída dos filhos, as mães passam a descobrir do que gostam e também a se reconectarem com quem são, além da maternidade.

“Isso vai trazer de novo uma saúde mental e física maior para a pessoa ir ressignificando a vida. Porque os filhos ainda estão ali, mas agora numa posição diferente. Não estão mais dentro da casa, então ainda é possível se relacionar com eles, ter uma uma convivência, mas de uma forma diferente”, explica a profissional.

A principal dica de Flora para quem passa pelo momento de transição e está se acostumando com a saída dos filhos é se arriscar em novas atividades, mesmo com desconforto.

“Esse movimento vai ajudar a melhorar na frente. Sair, passear, reconectar socialmente com amigos, buscar atividades que possam trazer algum senso de prazer, de satisfação na vida, mesmo que naquele momento parece que não vai ser tão interessante.”

Mas é claro que ressignificar a maternidade não significa deixar de sentir a ausência. “O que mais sinto falta é a presença física, seu cheiro de filha as nossas conversas íntimas, pois somos bem amigas”, diz Marlene. “Amor de mãe é o sentimento mais nobre que existe. Só sendo mãe para saber.”

Flora compara os relacionamentos saudáveis e o autoconhecimento a pernas que sustentam uma mesa. “Quanto mais perninhas essa mesinha têm, mais estável, mais resistente e forte vai estar. Se uma delas é tirada, ainda vão ter outras para sustentar, não vai desmoronar.”

O que se transforma, realmente, é a sensação de bem-estar com a própria companhia, que muitas mulheres maduras descobrem nessa nova fase.

Mãe Raiz ou Mãe Nutella?

Para celebrar o Dia das Mães, o podcast aDiversa, da Diversa+, debate de forma descontraída os impactos das diferentes formas de maternar. Você, sua mãe, sua companheira ou alguma conhecida é Mãe Raiz ou Mãe Nutella? O tema é polêmico e divide opiniões! Ouça o episódio especial:

 

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