O Hospital Municipal São José, em Joinville, recebeu os medicamentos quimioterápicos que estavam em falta. O caso veio a público após diversos pacientes oncológicos relatarem o descaso na unidade.
Pacientes de Joinville voltam a receber tratamento oncológico após relatos de descaso no Hospital São José – Foto: Prefeitura Municipal de Joinville/Reprodução/ND
Após questionamentos do Grupo ND, o estoque dos medicamentos Pertuzumabe, Rituximabe e Trastuzumabe foi normalizado.
De acordo com a Prefeitura de Joinville, os quimioterápicos não são padronizados e devem ser fornecidos pelo Ministério da Saúde em cumprimento às decisões judiciais.
Para sanar a falta desses medicamentos, na última semana, a Prefeitura iniciou a compra emergencial dos quimioterápicos, que, supostamente, não haviam sido repassados pelo Governo Federal.
Segundo o Ministério da Saúde, a distribuição dos medicamentos foi feita para o Estado e encontra-se regular.
Toda a demanda solicitada pela SES (Secretária de Saúde do Estado de Santa Catarina) foi entregue nos dias 28 de novembro, 19 de janeiro e 21 de fevereiro, em quantidade suficiente para atender a demanda de todo o primeiro trimestre.
Quimioterápicos chegam a Joinville
Nesta terça-feira (26), a SES informou a Prefeitura de Joinville que o quimioterápico Trastuzumabe poderia ser retirado.
A Prefeitura enviou uma equipe até Florianópolis para buscar os medicamentos, que chegaram no Hospital São José no mesmo dia.
Já nesta quarta-feira (27), oito pacientes já foram atendidos. Outros 12 já estão agendados para receber o atendimento nesta quinta-feira (28).
O Trastuzumabe deve ser aplicado junto com outro medicamento chamado Pertuzumabe. Por esse motivo foi necessário aguardar que os dois estivessem disponíveis para a aplicação nos pacientes. Este segundo medicamento foi entregue para Joinville na última semana.
Os medicamentos fornecidos são suficientes para atender um ciclo de tratamento, o equivalente a, aproximadamente, 21 dias.
Com relação ao medicamento Rituximab, o Hospital São José informou que havia recebido apenas o com 500 mg, por isso precisou fazer a divisão da dosagem, já que os pacientes estavam aguardando o Rituximab 100 mg.
Prefeitura dá andamento em processo para compra emergencial de medicamentos oncológicos
Segundo a Prefeitura de Joinville, não há garantia que o fornecimento deve ser mantido dentro da normalidade para atender os pacientes nos próximos ciclos.
Assim, a Prefeitura dá continuidade ao processo de preparação da documentação para compra desses medicamentos de forma emergencial.
Caso necessário, a aquisição dos medicamentos será feita com o recurso das sobras orçamentárias da Câmara de Vereadores de Joinville. Porém, a expectativa é de que o Governo Federal regularize o abastecimento, considerando as decisões judiciais.
‘Nossas vidas estão em jogo’: relembre denúncia sobre descaso
Pacientes e médicos do Hospital Municipal São José participaram, no dia 13 de março, de uma sessão da Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores de Joinville.
Segundo Cleusa Schmitz, que faz tratamento oncológico há 15 anos, a falta de medicamentos quimioterápicos tem se tornado comum na unidade.
Em um discurso emocionante, Cleusa foi às lágrimas ao relatar a negligência que vive junto com outros pacientes da oncologia. Cleusa estava sem receber medicamento quimioterápico e sofre com metástases, uma complicação do câncer.
De acordo com o médico oncologista Luiz Fernando Cicogna, os tratamentos utilizados no Hospital São José são correspondentes a técnicas usadas nos anos 2000. “É o básico que a gente está pedindo. É o básico, não é coisa cara. É o fio de sutura, é o remédio para dor de cabeça na oncologia”, relatou.
Já no dia 18, diversos pacientes participaram de um protesto para pedir a solução da falta de medicamentos e materiais no setor de oncologia.
